Cachoeira, histórica cidade do Recôncavo baiano, vive um momento especial nas comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, processo deflagrado pioneiramente no dia 25 de junho de 1822 em seu território, que se transformou na sede da resistência às tropas portuguesas que invadiram Salvador, e concluído no ano seguinte na batalha de Pirajá.
Ocupando o centro do noticiário nacional, a cidade finalmente foi reconhecida pelo seu papel, heroísmo e importância no mais importante episódio de nossa formação como Nação.
Desde 2008, quando por força da Lei 20.695/07, sancionada pelo então Governador Jacques Wagner atendendo pleito da deputada Lídice da Matta, a cidade é designada Capital do Estado, no dia 25 de junho, a comunidade cachoeirana, através da ONG A Cidadã, entrega ao Governador, presente nos festejos cívicos, uma Carta de Intenções, com as principais demandas da sociedade local.
Este ano, em especial, a Carta de Cachoeira foi entregue no hasteamento da bandeira brasileira em cerimônia pública, pelos responsáveis pela elaboração final do documento, engenheiro Aloisio Santana e pelo dirigente da ONG Pedro Erivaldo, com pronto acolhimento do governador Jerônimo Rodrigues que, além de manifestar de imediato sua identificação com algumas sugestões, fez um contundente pronunciamento sobre o papel da cidade na história do país durante a Sessão Magna da Câmara local.
A Carta de Cachoeira, de 11 páginas com pleitos tecnicamente bem fundamentados, foca na preservação do patrimônio histórico e no desenvolvimento do município, na ampliação da qualidade de vida da população, principalmente nas áreas da Educação, Saúde, Segurança e Renda.
A novidade este ano foi a entrega simultânea do documento ao Governador, à Prefeita, à Câmara de Vereadores e à Presidência da República, uma vez que a cidade é tombada como monumento nacional. São vários os pleitos, entre os quais o da proteção das encostas, implantação de um complexo policial, reforço da Polícia Civil, melhoria das vias vicinais, pavimentação da ligação São Felix-Muritiba, iluminação cênica da Ponte Dom Pedro II, construção de mirantes e transformação da Santa Casa da Misericórdia em Hospital Universitário.
Em 2023 o simbolismo do bicentenário está recheado de pleitos concretos. Quem sabe, a sensibilidade do Governador – de sólida formação acadêmica – não se incline para levar ao Presidente Lula o merecido pleito de elevação de Cachoeira à condição de Capital do Brasil no dia 25 de junho, em reconhecimento seu heroico papel na luta pela Independência e aos votos que a Bahia lhe deu para derrotar o fascismo?
Gustavo Falcón é Doutor em História Social, Mestre em Ciências Sociais, Jornalista e morador, com muito orgulho, de Cachoeira. Autor de Nossa Senhora da Ajuda, Devoção Mariana na Bahia e Nossa Senhora da Boa Morte, Devoção Mariana na Bahia, entre outros livros.
Foto: Divulgação/GOVBA