A exportação de limões frescos ao Canadá, ainda pouco explorada por produtores brasileiros, acaba de ganhar um novo capítulo. A Cooperlimão, cooperativa sediada em Urupês, no interior de São Paulo, enviou um contêiner com 24 mil quilos de limões-taiti para Toronto após participação na SIAL Canada, a maior feira de alimentos da América do Norte. A chegada ao mercado canadense representa um marco na trajetória da cooperativa e no fortalecimento da presença brasileira no setor de hortifrúti do país norte-americano.
A negociação foi firmada com a distribuidora National Produce Marketing Inc., localizada em Toronto, após rodadas de conversa e visitas comerciais proporcionadas pela missão internacional organizada pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A participação da Cooperlimão no evento foi viabilizada com apoio da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo) e do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
Durante a feira, que ocorreu de 29 de abril a 1º de maio, gestores da Cooperlimão trabalharam com 50 contatos de empreendedores que visitaram o estande da cooperativa. Deste total, dois deles avançaram para uma nova conversa, juntamente com convite para visitar as instalações de empresas canadenses. Vinte dias depois do retorno ao Brasil, os cooperados fecharam acordo com a National Produce, uma espécie de central de abastecimento do Canadá. A outra empresa interessada na fruta brasileira aguarda os resultados do primeiro envio para reiniciar negociações.
“Enviamos um contêiner em navio para fazermos esta primeira experiência, pois a logística é especial até para nós que trabalhamos muito com exportações”, afirma Anselmo Spadão, gestor da Cooperlimão. “Se tudo der certo, deveremos enviar outras remessas de limões ao cliente e fechar contrato com a outra empresa também que visitamos no Canadá”, complementa.
Com 30 cooperados, todos produtores de limão na região noroeste do estado de São Paulo, a Cooperlimão já exporta regularmente para Portugal, Espanha, Alemanha e Chile. A logística do envio de remessas para o Canadá, no entanto, é mais desafiadora que as outras. Os contêineres precisam ser descarregados no porto de Nova York, nos Estados Unidos, para seguirem por caminhão ou trem até Toronto, o que exige um processo rigoroso de seleção e conservação dos frutos.
“A gente precisou adaptar a embalagem, escolher frutas de casca mais grossa, aplicar uma película protetora e refrigerar todo o trajeto; isso garante a qualidade mesmo após quase 30 dias de transporte”, explica Spadão.
O envio ao Canadá foi feito em regime de preço aberto, modelo semelhante à consignação. “A empresa adianta um valor simbólico e o restante é pago de acordo com o desempenho de vendas e a qualidade do produto após sua chegada”, completa.
A carga foi vendida por cerca de 8.160 dólares canadenses (cerca de R$ 45 mil). Caso a qualidade do produto atenda às expectativas do mercado canadense, as partes devem avançar para contratos mais duradouros. A entrada no Canadá também representa uma oportunidade de diferenciação frente a concorrentes como o México, que abastece a maior parte do mercado local. “Nosso objetivo é posicionar o nosso produto em um patamar superior ao dos mexicanos”, finaliza Spadão.
Balanço da SIAL 2025
A Cooperlimão foi uma expositora da SIAL 2025, entre as mais de mil de 77 países. No total, a feira atraiu 21 mil compradores cadastrados. O Pavilhão Brasil foi organizado pela CCBC em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a Organização das Cooperativas Brasileiras e a Invest Paraná. Ao todo, 21 empresas brasileiras participaram da missão comercial, incluindo seis cooperativas e 14 empresas do estado do Paraná, com apoio técnico e logístico durante toda a preparação e participação na feira.
Em 2025, o estande brasileiro teve 60 m² e sediou cerca de 200 reuniões de negócios, resultando em uma expectativa de US$ 11,4 milhões em contratos comerciais a serem fechados nos próximos 12 meses – mais que o dobro do resultado registrado em 2024, que foi de US$ 5,48 milhões.
Sobre a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC)
A Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) é uma organização independente, mantida pelo setor privado e sem fins lucrativos, fundada em 1973. Há 52 anos, a CCBC aproxima pessoas, empresas, instituições públicas e privadas de vários setores nos dois países. Com escritórios no Brasil e no Canadá, a instituição atua na construção de conexões para alavancar negócios, investimentos, estimular a inovação, o intercâmbio tecnológico e cultural bilateral.
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