1 de agosto de 2025
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Canteiros de obras em Salvador oferecem aula gratuita para o Encceja 2025

Canteiros de obras em Salvador oferecem aula gratuita para o Encceja 2025

Cada vez mais procurada, a educação para jovens e adultos (EJA) se tornou uma ferramenta eficaz na redução das taxas de analfabetismo no Brasil. Só em 2024, a Bahia registrou um aumento nas matrículas desse público na rede estadual de ensino, com um crescimento de aproximadamente 8%, segundo a Secretaria de Educação. Dados do Censo Escolar de 2024, divulgados pelo Ministério da Educação, revelaram que, no ano passado, foram matriculados quase 130 mil estudantes baianos nessa modalidade de ensino.

Esse número também é impulsionado pela realização do ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), prova do Governo Federal que permite que pessoas que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada obtenham o certificado de conclusão dessas etapas. Em 2025, as provas serão aplicadas no dia 3 de agosto, e os resultados serão divulgados em 15 de dezembro.

Visando contribuir para o aumento das certificações por meio do exame, canteiros de obras em Salvador têm preparado 21 colaboradores para realizarem a prova em 2025. Com aulas que acontecem três vezes por semana, os alunos estudam diversos temas essenciais para a realização das provas, entre eles língua portuguesa, matemática e conhecimentos gerais.

Transformação na prática

Aos 46 anos, Roberto Santos encontrou, em meio ao concreto e aos tijolos dos canteiros de obra, a chance de mudar sua história por meio da educação. Pelo segundo ano consecutivo, Roberto realizará a prova do Encceja e, com as aulas dentro do próprio local de trabalho, teve um sonho antigo reacendido: crescer profissionalmente e concluir os estudos. “Quero me capacitar, fazer outros cursos e melhorar de vida. O Encceja vai me ajudar nisso”, reforça.

Roberto é aluno da Escola Nota 10, projeto educacional realizado pelo grupo MRV&CO em parceria com o Instituto MRV&CO, que já formou mais de 5 mil alunos ao longo de dez anos de existência. Atuando em diversos estados do país, o programa oferece acesso à alfabetização e à capacitação para colaboradores que enfrentam desafios educacionais. Neste ano, o projeto conta com 155 colaboradores de 12 estados participando do Encceja.

A história de Roberto é a de muitos brasileiros que, por diferentes motivos, tiveram que abandonar a escola cedo e que agora enxergam na educação uma forma real de transformação. “Na vida, a gente já tem muitos ‘nãos’. Para conquistar o ‘sim’, temos que lutar, persistir, perseverar, confiar e ter determinação. Se tudo fosse fácil, não teria graça. É na dificuldade que mostramos nossa garra e perseverança para alcançar o que queremos”, incentiva.

Rotina de preparação

Durante a preparação para o Encceja, o desafio nos canteiros tem sido estabelecer estratégias que respeitem as individualidades em salas de aula onde há alunos com diferentes níveis de aprendizagem. Pedagogo e professor da Escolinha Nota 10, Luan Ribas destaca que é preciso, antes de tudo, identificar com precisão o nível real de desenvolvimento de cada estudante — e não apenas o último ano escolar frequentado.

“Muitos alunos chegam dizendo que concluíram o ensino médio, mas a gente percebe, com as atividades e avaliações, que cognitivamente estão em outro estágio. Meu trabalho começa identificando esse nível real, para então montar um percurso de aprendizagem individualizado. É assim que conseguimos avançar, mesmo numa sala com níveis tão diversos”, explica.

Em relação ao Encceja, Luan Ribas reforça que o exame tem como principal objetivo possibilitar o acesso à certificação para pessoas que não concluíram o ensino básico, especialmente adultos que precisam do diploma para progredir no mercado de trabalho.

“O Encceja é uma prova feita para incluir, para dar oportunidade a quem precisa do certificado para seguir na vida e no trabalho. No entanto, isso não significa que os candidatos devem realizá-lo de qualquer forma. Por isso, o preparo dos nossos alunos passa por um processo inclusivo, respeitando as trajetórias dos estudantes e possibilitando avanços concretos na formação educacional”, destaca o professor.

Foto: Divulgação




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