Márcia Cabrita morreu nesta sexta-feira, aos 53 anos. A atriz carioca, que participou do humorístico “Sai de baixo”, se afastou da novela “Novo Mundo” há três meses para cuidar da saúde. Márcia sofria de câncer no ovário. Ela foi diagnosticada com a doença em março de 2010 e, como parte do tratamento, havia retirado os ovários e o útero.
Márcia deixa sua filha, Manuela. A atriz Cacau Protasio publicou uma foto ao lado da artista para se despedir. “Amiga Vai com Deus, eu tive o prazer, a alegria, a sorte de trabalhar, conviver, contracenar com você, eu amo você, o céu está em festa, pois está recebendo o anjo mais lindo, você fará muita falta, nos encontramos no céu”, escreveu Cacau, com uma foto bem-humorada com a amiga.
Escalada para “Novo mundo”, última novela das 18h da TV Globo, Márcia chegou a ser substituída por Vivianne Pasmanter. A direção preferiu poupá-la de muitas gravações externas por causa de sua saúde. Mais tarde, foi anunciado que a humorista teria outro papel a partir do capítulo 60.
A última novela de Márcia na Globo foi “Morde & assopra”, em 2011. Nos últimos anos, a atriz participou de humorísticos do Multishow, como “Vai que cola” e “Treme, treme”.
Filha de imigrantes portugueses, Márcia Martins Alves nasceu em Niterói, no estado do Rio, em 20 de janeiro de 1964. Ao estudar artes cênicas, conheceu Luís Salem, seu parceiro durante toda a carreira. Com ele, fez uma peça infantil produzida por Aloísio Abreu, outro com quem sempre trabalhou.
Juntos, os três montaram o espetáculo “Subversões”, encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em Copacabana. Na trilha sonora, paródias de hits como “Meu nome é Creuza”, versão de “Como uma deusa”, de Rosana, que acabou fazendo sucesso.
Sua primeira aparição da TV foi em 1992, na minissérie “As noivas de Copacabana”, de Dias Gomes. Fez ainda “Sete pecados” (2007), “Beleza pura” (2008) e “Morde & assopra” (2011).
Irreverente, a atriz publicava posts em suas redes sociais. Em 2015, escreveu: “Cada vez que um famosão da TV diz que ‘o bichinho do teatro me mordeu’, nasce uma espinha interna no nariz de algum diretor de teatro mundo afora.”
Em texto como colunista convidada para Revista O Globo, publicado em 2011 – época em que alimentava o blog “Força na peruca”, sobre sua relação com o câncer, Márcia criticou a cobrança sofrida por pessoas com a doença.
“Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem… eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Shindler”.
Foto: Reprodução TV Globo