A Cidade do Saber (CDS) pulsou em prosa, verso e encontros nesta quarta-feira (3). Mais de mil pessoas transitaram pelo complexo durante todo o dia, entre estudantes, educadores, alunos da rede pública municipal de ensino e populares, para participar da 1ª edição da FELIZCAM – Festa Literária de Camaçari, promovida pelas Secretarias da Educação (Seduc) e da Cultura (Secult).
A abertura da FELIZCAM reuniu uma programação diversa, gratuita e acessível, composta por oficinas, rodas de conversa, palestras, peças teatrais, exibições audiovisuais e contações de história, configurando-se como um espaço de múltiplas linguagens e de diálogo com diferentes públicos.
Na lista de temas abordados, ganharam destaque rodas sobre empreendedorismo feminino, mulheres na ciência e na luta, e educação antirracista, reafirmando o compromisso da iniciativa com diversidade, gênero, memória e cidadania.
Entre os participantes, várias vozes representaram o sentimento de pertencimento e encanto. Bastante entusiasmada, Ivone Alves Pereira, 53 anos, atravessou os corredores repletos de livros e ideias. “Fazia muito tempo que não parava e me via entre páginas, gente sonhando e com sede de leitura. Senti hoje que a leitura voltou a pulsar em mim e em Camaçari”, revelou a moradora do Parque das Mangabas.
Um dos objetivos da iniciativa é lançar sementes de leitura. Para os dois dias de evento, que segue até esta quinta-feira (4), está prevista a distribuição de 16 mil livros gratuitamente, reforçando o caráter democrático e popular da proposta e ampliando o acesso à literatura para milhares de famílias e estudantes.
Acompanhada pelos filhos, Enzo e Ravi, e pela mãe, Norma Lúcia, a jovem Nadja de Oliveira, 32 anos, enfatizou que o projeto desperta esperança. “Quero que meus filhos cresçam convivendo com essa riqueza de histórias e saberes, que saibam desde cedo que pertencem a este mundo de letras”, pontuou a moradora do bairro dos 46.
Amigas e estudantes da Escola Municipal São Thomaz de Cantuária, Manuela Santos, 14 anos, e Nicole Tavares, 15 anos trocaram olhares de alegria ao folhear livros. “Ler é redescobrir o mundo todo dia”, disseram.
A FELIZCAM também realça a valorização dos talentos locais, convocando vozes autorais de Camaçari para ocupar o palco da literatura e da reflexão. Entre elas, a escritora e professora da rede municipal Alessandra Sampaio, 54 anos, presente na roda de conversa Poéticas Femininas de Camaçari. “Essa festa literária é prova de que nossos sonhos cabem em páginas e nossas vozes, nas entrelinhas da cidade, motivando que mais pessoas, independente da idade, valorizem a leitura e a escrita e saibam que elas também são capazes. Camaçari está de parabéns”.
Atualmente, morando em São Paulo, o camaçariense, poeta, compositor e escritor Jordan participou da palestra sobre literatura e diversidade negra LGBTQIA+. “Cada história aqui lida, cada verso ouvido, reafirma nossa existência e nosso direito de ser, de amar, de existir como somos. Orgulho de ser de Camaçari e de hoje estar aqui, falando para os jovens que eles podem, sobretudo os jovens negros”.
O primeiro dia da FELIZCAM comprovou que a literatura em Camaçari é movimento, encontro, pertencimento, memória e projeção de futuro. A participação popular, a amplitude da programação e o protagonismo de autoras e autores locais são sinais de que a leitura pode e deve caminhar lado a lado com a cidadania.
Nesta quinta-feira a programação segue com atividades diversas distribuídas entre os Espaços Bule-Bule, Seu Dadu, Mestra Bete, Mestre Careca e Mestra Nildes.
Veja, abaixo, a programação completa:
ESPAÇO MESTRE CARECA
Expositores de artesanato e livros, e área de encontros, convivência e leitura.
ESPAÇO BULE-BULE
8h – Roda de conversa Pratas da Casa – painel com autores de Camaçari, com Plinio Moura, Alexandra Persil, Ana Carla Gomes e Ana Fátima
Mediação: Fabíola Chafin
9h30 – Literatura e violência: atravessamentos do corpo à palavra, com Jorge Augusto e Vitória Maria
Mediação: Edma de Góis
11h30 – Experiências autorais inclusivas, com Tiago Correia e Ana Paula Mira
Mediação: Elvira Laporte
13h30 – Literatura infantojuvenil e jovem: livro, leitor e outras letras, com Emília Nuñez e Breno Fernandes
Mediação: Deco Lipe
15h – Brasil afro-indígena: nossa ancestralidade, nosso presente, com: Edvana Carvalho e Márcia Kambeba
Mediação: Vitalina Silva e Renata Tupinambá de Abrantes
16h30 – Exibição do filme “Malês”
ESPAÇO SEU DADU
8h – Apresentação musical de João do Acordeon
9h – Contação de história, com Emília Nuñez
10h30 – Literatura e laços de família, com Irlene Sousa e Ana Fátima
Mediação: Mariluse Santos
13h – Brincadeiras e recreação, com Edivalda e Edileusa
14h – Espetáculo de brincadeira com o grupo Cadeira de Brin
15h – Apresentação cultural do Grupo Boi Mirim de Parafuso
ESPAÇO DONA BETE
17h30 – Show de DJ Preta
18h30 – Pocket show da banda Afrocidade
ESPAÇO MESTRA NILDES
9h – Exposição literária das escolas da rede municipal de Camaçari
10h – Oficina de Iniciação à aquarela, com Plinio Moura, autor de O Grande Rei
10h – Cineclubinho – “Dudu e o lápis cor de pele”, com Jáira Oliveira
10h – Roda de conversa Práticas exitosas da Unilab, com Fátima Cardoso
14h – Exposição literária das escolas da Rede Municipal de Ensino Camaçari
14h – Lançamento coletivo de livros e sessão de autógrafo
14h – Cineclube “Vista Minha Pele”, com Marta Mota
14h – Oficina de Vídeos Virais, com Rafael Resende e Bruno Nogueira
15h – Oficina de Contos negros, com Hildália Fernandes
Foto: Juliano Sarraf/PMC
