O terremoto de magnitude 6.8 que chacoalhou a Bolívia nesta segunda-feira (2) chegou a balançar alguns edifícios em Brasília e na Avenida Paulista, em São Paulo. A surpresa do abalo foi ainda maior para aqueles que, além do tremor, sofreram com as tonturas e enjoo que vieram depois do susto. “Sensação horrível, balançou legal na Paulista, todo prédio evacuado”, relatou pelo Twitter Adalberto Olegário, que trabalhava quando sentiu o abalo.
“Tremor sentido também em Brasília, no Ministério da Justiça”, escreveu Matheus Tovksi na rede social. Depois do tremor, é comum que algumas pessoas tenham acessos de tontura e enjoo algum tempo após o abalo. “Não é labirintite”, explicou o médico Márcio Salmito, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Ainda assim, a culpa é do labirinto,
“Chamamos de orelha a parte externa do órgão. Do tímpano para dentro, é a orelha média. Dentro do osso temporal, temos o labirinto. Ele funciona como o acelerômetro giroscópio do celular. Aquele dispositivo que vira a foto de lado ao notar um movimento do aparelho.
O médico explica que os olhos também são um sensor humano que, em conflito com as sensações percebidas pelo labirinto, gera o mal-estar. “Se estamos em um trem e olhamos para o lado de fora, vemos a paisagem em movimento. O sensor labirinto funciona diferente. É ele quem nos informa que o trem saiu do lugar mesmo se estivermos de olhos fechados e ouvidos tampados.”
Quando acontece um terremoto, é o labirinto quem avisa. O tato e as articulações também vão tremer e informar o cérebro. “Se nesse momento a gente sente o tremor, mas vê tudo parado ao redor, ocorre um conflito entre a visão e o labirinto, e a gente passa mal.” A sensação é temporária e deve passar assim depois de pouco tempo.
O mesmo acontece quando alguém olha o celular enquanto trafega por uma estrada sinuosa. “A visão diz que o celular está parado, mas o labirinto está sentindo o movimento do carro. Há um conflito que gera enjoo e tontura em algumas pessoas”.
Os 400 tremores que atingiram o Japão em março de 2011 –resultando no famoso tsunami daquele ano–, surpreenderam médicos japoneses, que apelidaram de “abalos fantasmas” os numerosos casos de cidadãos que permaneciam com tonturas e ânsia de vômito.