Apesar da crise em que se envolveu em 2017, com as delações do empresário Joesley Batista e as revelações de corrupção que mancharam a imagem da empresa, a JBS conseguiu dobrar o lucro e reduzir seu endividamento no ano.
A empresa fechou 2017 com um lucro líquido de R$ 534,2 milhões, um valor quase 130% superior ao registrado em igual período do ano anterior.
A empresa comemorou o resultado como “um dos melhores resultados operacionais” da história da companhia, segundo a carta de José Batista Sobrinho, presidente global da JBS, que assumiu o cargo na esteira da prisão de seu filho Wesley Batista, em setembro do ano passado.
A operação da empresa nos Estados Unidos, que equivale a mais da metade das vendas totais, deram suporte ao resultado, segundo a empresa. “O fortalecimento da economia da América do Norte, notadamente nos Estados Unidos, e a contínua redução do desemprego contribuíram para o crescimento da demanda no mercado doméstico e o aumento nos preços da carne bovina na região. Além disso, a disponibilidade crescente de gado aliada à estável capacidade de produção também contribuiu para o aumento da margem da indústria.”
A receita líquida da companhia ficou em R$ 163,2 bilhões em 2017, queda de 4,2% em relação ao ano anterior, atribuída ao impacto da variação cambial e da venda dos ativos no âmbito no plano de desinvestimentos.
A empresa também registrou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 13,4 bilhões, alta de 18,9% sobre o ano anterior, e conseguiu reduzir sua alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda.
Em meados do ano passado, os irmãos Batista chegaram a um acordo com bancos credores para rolar dívidas da JBS, em um acerto que também envolvia a renovação de empréstimos da holding que reúne os investimentos da família, a J&F.
Além disso, vendeu operações de carne bovina da JBS na Argentina, Paraguai e Uruguai a subsidiárias da concorrente Minerva. “Cumprimos o nosso compromisso de reduzir a alavancagem que atingiu um patamar de 3,38x (dívida líquida/Ebitda) – a menor do nosso setor no Brasil – além de poder contar com uma liquidez total superior ao endividamento de curto prazo”, escreveu Sobrinho sobre o resultado.
Transparência – O aspecto mais destacado na divulgação da semana passada vai além dos números. Segundo o patriarca e fundador da JBS, 2017 trouxe avanços no campo da transparência e a empresa quer se tornar uma referência em “compliance”, a obrigação de agir em sintonia com as regras nos controles internos e externos dos negócios.
No ano passado, após a confissão de crimes cometidos por integrantes da cúpula da empresa, a J&F, dona da JBS, fechou um acordo de leniência por mais de R$ 10 bilhões e trocou sua diretoria.
Foi implantado um programa chamado “Faça Sempre o Certo”, que engloba as iniciativas de compliance da empresa. “Para disseminar os avanços obtidos ao longo desse ano, foram realizados treinamentos com todas as lideranças do Brasil e criado o canal Linha Ética JBS”, disse Sobrinho.