Os calouros do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), cidade a cerca de 100 km de Salvador, foram obrigados a trocar a imagem da capa do Facebook por uma foto com a seguinte frase: “Sou calouro burro de Civil e devo submissão total aos meus veteranos”. O ato faz parte de um trote realizado em março deste ano, conforme denúncia feita à ouvidoria da instituição, uma das principais e mais tradicionais do estado, nesta quinta-feira (5).
A foto de capa do Facebook do alunos alvos do trote ainda traz a ilustração de um estudante veterano sentado em um “trono” feito de tijolos, enquanto diversos burros, que representam os calouros, estão embaixo como se fosse o público. Além da mudança da foto de capa, os estudantes foram obrigados a colocar no perfil da rede social o nome verdadeiro depois da palavra “bixete”.
Durante o trote, os homens tiveram os cabelos raspados, todos foram pintados de roxo nas primeiras semanas de aula e ainda tiveram que colocar fotos no perfil do Facebook em que estão pintados e têm placas de mensagens depreciativas penduradas no pescoço. “Bixo burro”, tinha dizia em uma delas.
As exigências feitas pelos veteranos não atingiram apenas as redes sociais dos calouros. Os novos estudantes também foram obrigados a pagar uma taxa de R$ 50 para participar de uma festa.
Por meio de nota, a administração da universidade informou que o trote estudantil é proibido e repudia qualquer atividade que envolva ou incite agressões físicas, psicológicas ou morais.
A instituição informou, ainda, que diante da primeira denúncia oficializada através da ouvidoria da universidade, nesta quinta, o caso será apurado. Os responsáveis serão identificados, e podem ser advertidos verbalmente, serem suspensos ou até desligados da unidade de ensino.
Ainda referente ao trote dos novos estudantes do curso de Engenharia Civil da Uefs, a denúncia apontou que os veteranos faziam exigências aos calouros por e-mail. Logo no início da mensagem tinha escrito: “Calouro burro não reclama, obedece”. Quem se opõe sofre ameaças por mensagens e na instituição. “Pra quem tá criando legião de fãs aí pra não pagar o dinheiro, fica esperto, a gente se bate pela Uefs”, diz a mensagem.
Segundo a denúncia feita à ouvidora da instituição, até o fato de um calouro usar um boné foi motivo para uma ameaça feita por um veterano, através de comentário no Facebook: “Se eu ver usando, vou tomar! Repassa aí no grupo da sala, tá proibido usar boné/toca”.