Dois de cada três apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que certamente votariam num candidato indicado por ele se o líder petista ficar fora da corrida presidencial, segundo a pesquisa do Datafolha.
Mas um terço dos eleitores lulistas se declararam sem candidato quando se viram diante das opções oferecidas nos cenários em que o ex-presidente não participa da eleição. Eles preferem votar em branco, ou anular o voto, em vez de escolher outro nome.
O levantamento do Datafolha mostra que a influência de Lula sobre o eleitorado continua grande, mesmo após sua prisão, que tornou mais remota a possibilidade de sua candidatura vingar.
Quase metade dos eleitores se declara disposta a votar em alguém apoiado por Lula: 30% dizem que o fariam certamente e 16% talvez. Entre lulistas, 66% votariam no indicado pelo ex-presidente com certeza e 21% talvez.
Entre os nomes lançados na disputa eleitoral, os que mais se beneficiam com a ausência do líder petista são a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que foram ministros de Lula, mas se distanciaram muito do PT nos últimos anos.
Marina alcança no máximo 20% dos votos lulistas nos cenários em que o ex-presidente é substituído por um dos dois nomes cotados no PT para assumir a vaga, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Ciro fica com 15% do espólio lulista no cenário mais favorável para ele, segundo o Datafolha. Manuela D’Ávila (PC do B), que ficou ao lado de Lula nas horas que antecederam sua prisão no dia 7, herda apenas 3% dos votos.
Segundo o Datafolha, parte do eleitorado lulista se dispersaria. Eles se mostram dispostos a apoiar até nomes da direita, como o deputado Jair Bolsonaro (PSL), ou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que Lula derrotou na eleição presidencial de 2006.
Simpatia – No discurso em que se despediu das ruas antes de ser preso, Lula fez gestos de simpatia para Manuela e outro presidenciável que entrou na disputa pelo seu espólio, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL).
Mas Lula deixou o carro de som sem indicar o que pretende fazer com sua candidatura, e nos dias seguintes o PT reafirmou a disposição de pedir registro à Justiça Eleitoral, desafiando o veto imposto pela Lei da Ficha Limpa.
Dirigentes petistas temem que o partido fique sem condições de viabilizar uma alternativa se Lula não abrir mão da candidatura. Haddad e Wagner têm desempenho fraco até mesmo entre os eleitores lulistas, segundo o Datafolha, alcançando no máximo 3% das intenções de voto.
As simulações de segundo turno feitas pelo instituto mostram também que eles teriam pouca chance se entrassem no lugar de Lula e chegassem ao segundo turno da eleição. Os dois seriam derrotados por Bolsonaro e Alckmin.
Conforme as simulações do Datafolha, Marina e Ciro teriam melhores chances do que os petistas no embate com Bolsonaro e Alckmin se chegarem ao segundo turno.