A Rússia se comprometeu nesta segunda-feira (16) a não interferir no trabalho da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) enviada à Síria para investigar o suposto ataque com armas químicas em Douma. Uma equipe de especialistas da Opaq iniciou neste domingo uma investigação no país.
Uma reunião da organização foi convocada em caráter de urgência na Opaq para esta segunda-feira após o suposto ataque químico do último dia 7 contra o reduto rebelde sírio em Douma, que desencadeou os bombardeios dos Estados Unidos, França e Reino Unido contra alvos militares sírios na noite de sexta-feira passada. Com 41 membros no Conselho, entre os 192 países que integram a organização, países ocidentais questionaram a inteferência de Síria e Rússia no trabalho dos agentes da Opaq.
“A Rússia confirma seu compromisso de garantir a segurança da missão e não interferirá em seu trabalho”, escreveu o perfil no Twitter da embaixada russa em Haia, onde fica a sede da OPAQ.
Durante a reunião, a portas fechadas, o enviado dos Estados Unidos na Opaq disse que a Rússia pode ter manipulado o local do suposto ataque com armas químicas em Douma, que deixou ao menos 40 mortos e centenas de feridos com sintomas como dificuldades respiratórias, queimaduras e salivação espumosa. Kenneth Ward pediu que o órgão condene o contínuo uso de armas químicas proibidas.
“Já passou do tempo desse conselho condenar o governo sírio por seu reino de terror químico e exigir responsabilização internacional para aqueles responsáveis por esses atos hediondos”, disse o embaixador norte-americano Kenneth Ward em comentários vistos pela Reuters. “É nosso entendimento que os russos podem ter visitado o local do ataque. É nossa preocupação que eles podem ter manipulado o local com a intenção de impedir os esforços da missão de investigação da Opaq de conduzir um inquérito efetivo”, completou.
A delegação britânica disse que os inspetores da Opaq ainda não tiveram acesso autorizado a locais em Douma, citando o diretor-geral da agência. Em comunicado publicado no Twitter, os representantes do Reino Unido acusaram Rússia e Síria de não autorizar o acesso.
“Acesso sem restrições (é) essencial”, disse o comunicado. “Rússia e Síria precisam cooperar”.
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia disse que a demora está relacionada aos ataques aéreos dos Estados Unidos.
Já no domingo, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Mokdad, visitou o hotel em que a missão da Opaq está hospedada em Damasco, onde permaneceu por três horas. Não foi confirmado até o momento se a equipe da Opaq visitou Douma, como anunciou um funcionário do governo sírio à “AFP” .
“Deixaremos a equipe fazer seu trabalho de maneira profissional, objetiva, imparcial e longe de qualquer pressão. Os resultados da investigação desmentirão as acusações contra o regime de Damasco”, disse uma fonte síria.