O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Dias, disse nesta segunda-feira (28) que há caminhoneiros sendo coagidos por “falsas lideranças” fora do setor de transporte e que policiais podem efetuar a prisão em flagrante de quem tentar “ameaçar a ordem” e impedir motoristas que quiserem retomar as atividades.
Segundo Dias, o comando nacional da PRF tem orientado às polícias regionais que se desloquem para os pontos onde ainda há aglomeração de caminhoneiros.
“Muitos caminhoneiros estão decididos a retomar as atividades e voltar com sua carga, mas observamos que em alguns pontos alguns estão sendo coagidos por falsas lideranças, que não são do segmento do transporte”, disse.
Ele evitou, no entanto, afirmar quais seriam essas lideranças e diz que os casos estão sendo levantados pelo serviço de inteligência da PRF.
De acordo com Dias, a orientação é que policiais garantam escolta a todos os motoristas que queiram retomar as atividades após o acordo firmado com o governo.
Caso haja situações em que motoristas quiserem voltar às atividades e forem impedidos por essas “falsas lideranças”, diz, policiais podem fazer a prisão em flagrante, afirma.
“Se for flagrado algum manifestante ou algum falso líder a ameaçar ou perturbar a ordem, ou seja, se associar em alguma associação criminosa, a PRF vai fazer imediatamente a prisão em flagrante desse infrator”, diz.
Até o momento, porém, ainda não houve registro dessas prisões, afirma. Ao todo, já foram aplicados R$ 3 milhões em multas, diz.
A declaração ocorreu durante a apresentação de um balanço das ações feitas pelo Centro de Operações Integradas, criado pelo governo para tentar minimizar os impactos do desabastecimento à população.
Segundo a PRF, já não há mais bloqueios nas estradas.
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, evitou dar um prazo para que o abastecimento seja regularizado. Mas ressaltou que falaria da “parte cheia do copo”.
“Avançamos e muito. Não há bloqueio em ponto nenhum das estradas. Aeroportos estão funcionando. Alguns na sua plenitude, outros com restrição”, disse.
De acordo com o almirante Ademir Sobrinho, chefe do Estado-Maior do Conjunto das Forças Armadas, a previsão é que a partir desta terça-feira já haja “fluxo contínuo” de insumos básicos para saúde e alimentação a pacientes.
Para que isso ocorra, o governo planeja a criação de novos corredores de transporte, diz. “Estamos estabelecendo corredores de transporte com segurança e abastecimento para permitir que grande parte dos alimentos, combustíveis, materiais de saúde e ração cheguem aos destinatários finais. Já temos um entre São Paulo e Minas Gerais”, afirma.
A medida, porém, ainda esbarra na dificuldade de abastecimento dos caminhões. “A primeira coisa que temos que fazer é restabelecer o fluxo de óleo diesel. A primeira coisa é os caminhoneiros começarem a trabalhar, e ter óleo diesel para abastecerem, e aí em uma semana, dez dias, volta ao normal todo o abastecimento do país”, diz.