O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgaram, na terça-feira (5), o Atlas da Violência 2018, com dados do Ministério da Saúde sobre a violência letal intencional no Brasil. Os números do estudo apontam para o recorde negativo de mortes violentas em todo o País. Foram 62.517 mortes intencionais em 2016, último ano com dados disponíveis para o levantamento.
Deste total de mortes, mais de 44 mil foram de negros (71,5%). A taxa de homicídios nesta parcela da população cresceu 23%, em relação a 2006, ano inicial da série histórica. Neste mesmo período, o número de assassinatos de não negros caiu 6,8%. Em 2016, a taxa de homicídios entre os negros alcançou o patamar de 40,2 mortes por 100 mil habitantes. Para os brancos, o índice foi de 16 para cada 100 mil.
O vereador Sílvio Humberto (PSB) avalia os dados revelados pelo estudo como uma confirmação daquilo que ele tem denunciado cotidianamente. “Vivemos num país dividido, onde a cor da pele determina o risco de ser morto ou continuar vivendo. É um projeto de abandono genocida, que empurra os jovens negros para a situação de vulnerabilidade e os assassinam em seguida”, afirmou.
Desigualdade – Segundo Sílvio Humberto, o brasileiro não pode ser considerado mais violento do que nenhum outro povo do mundo. “O que temos de mais violento do que em qualquer parte do mundo é a desigualdade social e racial. O aumento do número de mortes decorre do crescimento dos índices de desigualdade e segregação”, pontua Sílvio.
Para ele, a solução deve começar com os governantes admitindo e enfrentando a situação. “Não mudaremos isso apenas com mais armas e mais viaturas. É preciso se importar com as pessoas e implementar políticas sociais e educacionais que criem oportunidades de desenvolvimento para a juventude”, apontou o vereador.
Sílvio Humberto listou exemplos que podem ser retomados, como o Consórcio Social da Juventude, “que qualificou milhares de jovens brasileiros, com ações voltadas para o primeiro emprego”.
Na Bahia, relembrou o programa de formação Novos Paradigmas da Equidade, desenvolvido pelo Instituto Cultural Steve Biko, em parceria com o Ceafro, Gapa e Vida Brasil. “A iniciativa trabalhava a questão racial, a sexualidade, o gênero e a acessibilidade de forma interseccional. Qualificação e inserção produtiva são caminhos a serem observados”, destacou.