O Brasil é o segundo país no mundo em número de transplantes de órgãos, atrás apenas dos Estados Unidos, revela pesquisa da Associação Brasileira dos Transplantes de Órgãos (ABTO). O procedimento, cada vez mais frequente no país, é reflexo do crescente número de doações de órgãos, que bateu recorde em 2017. Neste mesmo levantamento, que teve colaboração do governo federal, revela que o Brasil tem, hoje, 16,6 doadores efetivos para cada um milhão de habitantes.
O cenário é o melhor em 20 anos, exalta a ABTO. “Em 2016, foram aproximadamente 25 mil transplantes e, em 2017, cerca de 27 mil, recordes que representam a retomada após alguns anos de retração e avanços pequenos”, destaca no levantamento.
Os 16,6 doadores efetivos para cada um milhão de habitantes, explica Valter Duro Garcia no levantamento, é o resultado de um crescimento de 14% em 2017. “Esse acréscimo permitiu alcançar o objetivo previsto em 2015 para esse ano, e decorreu do aumento de 3,8% na taxa de notificação de potenciais doadores (51,6 pmp) e de 10,2% na taxa de efetivação de doadores (32,4%)”, ele aponta.
No entanto, quando os números são analisados por estado, a Bahia nem sempre apresenta índices positivos como o do consolidado no Brasil. O número de doadores efetivos de 2017, por exemplo, é inferior ao de 2016: 99 ante 107, cujo número por um milhão de habitantes é de 6,5% – abaixo da média nacional. Outro indicar negativo é quanto a recusa familiar sobre o indivíduo ser doador de órgão. Era 186 famílias em 2016 e subiu para 196 em 2017.
Já o número de potenciais doadores na Bahia aumentou, passou de 448 em 2016 para 493 no ano passado.
Transplante de córnea foi o mais realizado em 2017 na Bahia, indica o levantamento da ABTO, com 636 procedimentos, ante 504 em m2016. Transplante de rim foram 137, 29 a mais do que em 2016. Destes, 18 aconteceram com o doador vivo e os demais 119 com o doador falecido, especifica a pesquisa.
O estudo ainda indica que o estado realizou 48 transplantes de fígado em 2017, apenas nove a mais do que em 2016, além de um de pulmão, que não era realizado desde 2015. Além disso, a associação revela que a Bahia não realiza transplante de coração desde 2015.
Rafael Paim, presidente da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), afirma no levantamento que a melhora no número de transplantes no país e o aumento de doações são resultado de uma série de fatores, como o treinamento das equipes de transplante. Para Paim, a melhora neste serviço facilitou a comunicação entre a classe médica e os familiares para a doação de órgãos de pessoas falecidas.
Neste quesito, entretanto, a Bahia aparece no levantamento da ABTP referente a 2017 com praticamente o mesmo número de equipes que realizaram transplantes durante 2016. Para os transplantes de córnea, foram 26 equipes tanto em 2017 como em 2016. Para os de rim, foram seis no ano passado, ante 5 em 2016. Os transplantes de fígados utilizaram em 2017 as mesmas duas equipes do ano anterior.