O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) confirmou em convenção nacional neste sábado (21), em São Paulo, a escolha de Guilherme Boulos, de 36 anos, como candidato à Presidência da República. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi escolhido por aclamação pelos filiados que participaram do evento. Ele disputará a Presidência pela primeira vez.
A chapa terá como candidata a vice-presidente a ativista indígena Sônia Guajajara, também do PSOL. A candidatura de Boulos teve apoio de setores sociais, como os sem-teto, e os movimentos LGBTI, feminista, negro, entre outros.
Participaram do evento lideranças do PSOL, como os deputados federais Ivan Valente (SP) e Luiza Erundina (SP), as vereadoras Sâmia Bonfim (SP) e Talíria Petrone (RJ) e os deputados estaduais Carlos Giannazi (SP) e Marcelo Freixo (RJ).
No primeiro discurso como candidato, Boulos disse que pretende, se eleito, combater privilégios. “Temos que dizer com todas as letras: não se avança em direitos sociais e políticas para o povo se não for enfrentando os privilégios do 1%. Temos lado. Essa candidatura tem lado, e é ao lado dos 99%.”
Disse que vai priorizar a revisão de políticas atuais do governo federal, como a reforma trabalhista. “Primeiro compromisso, e esse é um ponto fundamental para campanha que vamos fazer: revogar os atos desse governo de Michel Temer.”
O atual presidente também foi citado quando Boulos defendeu o combate à crise econômica. “Enfrentar o golpe e tirar o país da crise que a quadrilha do Michel botou”.
Na área da habitação, prometeu implementar uma política habitacional nacional “para desapropriar prédio vazio como muitos no centro dessa cidade”. “Gostem eles ou não, queiram eles ou não, vamos nos apropriar dos muitos prédios vazios e fazer moradia popular. Porque trabalhador também pode morar em lugar bom. Trabalhador também tem direito”, afirmou.
Disse que pretende realizar a reforma agrária. “Queiram eles ou não, vamos fazer a reforma agrária e enfrentar o agronegócio. Esse é o nosso caminho. Essa aliança se construiu a partir da coragem e do compromisso com bandeiras como essa.”
Também afirmou que vai defender, durante a campanha, o direito ao aborto. “É um tema a ser tratado como questão de saúde pública. Porque isso é defender a vida das mulheres.”
Na área da segurança pública, disse que pretende discutir o atual modelo, incluindo a proposta de desmilitarização das polícias. “Não vamos recuar um minuto para dizer que existe genocídio da juventude negra nas periferias.”
Defendeu, também, rever a política de drogas. “A política de guerras às drogas é uma cobertura para matar a juventude negra, e não toca onde estão de verdade os donos do negócio.”
Ele citou, ainda, o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, também do PSOL, em março, que até agora não foi solucionado. “Exigimos justiça por Marielle. Enquanto não houver justiça nesse caso, a democracia permanecerá manchada.”
Entre as propostas que apresentou durante o discurso, o candidato do PSOL manifestou intenção de: combater privilégios e retomar investimentos públicos; taxar grandes fortunas; fazer reforma tributária visando combater “a farra dos grandes empresários”; apropriar imóveis vazios e destiná-los para moradia; promover a reforma agrária; revogar os atos do governo Michel Temer; rever a política de drogas; discutir o modelo atual de segurança pública, incluindo a desmilitarização das polícias; e defender o direito das mulheres ao aborto.
A eleição presidencial de 2018 será a primeira de Boulos. Ele filiou-se em março ao PSOL. No mesmo mês, foi lançado como pré-candidato após receber maioria dos votos em disputa com outros três nomes do partido.
Antes de se tornar líder do MTST, Boulos foi militante estudantil na União da Juventude Comunista e se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).
Foto: Reprodução GloboNews