O PSB decidiu neste domingo (5), em convenção nacional realizada em Brasília, que não irá fazer coligação formal com nenhum outro partido para a eleição presidencial de outubro.
Na prática, isso significa que o PSB não vai repassar sua cota do tempo de TV nem do fundo partidário para nenhum candidato à Presidência da República.
No entanto, o presidente do partido, Carlos Siqueira, afirmou que não haverá neutralidade por parte da sigla.
No documento aprovado pela convenção neste domingo, está prevista a hipótese de diretórios estaduais do partido, ou mesmo integrantes da sigla, de forma individual, apoiarem candidaturas consideradas “progressistas”.
O documento faz uma ressalva nesse ponto. Veta “rigorosamente” qualquer tipo de apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), vista pelo como uma “ameaça à democracia e aos direitos humanos”.
“Isso [a resolução] não significa neutralidade, porque neutralidade não existe nem nas pessoas e muito menos ainda nos partidos. E seria um absurdo que ficássemos neutros diante de um cenário político eleitoral completamente atípico”, afirmou Siqueira.
” Os nossos dez candidatos aos governos estaduais irão ter a liberdade de apoiar todos os candidatos de centro-esquerda do país e apresentar a pauta que nós aprovamos aqui, programática”, completou o presidente do partido.
A votação foi simbólica, sem a contagem de votos. Havia uma segunda proposta em discussão, que era apoiar o candidato do PDT, Ciro Gomes, mas acabou derrotada.
O documento aprovado neste domingo expressa que o partido irá concentrar esforços na eleição de bancadas parlamentares e de governadores de estado, “para fortalecer a perspectiva da construção de um projeto socialista democrático, moderno e criativo para o Brasil”.
Acordo com o PT – A decisão do PSB ratifica um acordo fechado com o PT na última semana. Os dois partidos concordaram que o PSB não apoiaria nenhuma candidatura à Presidência, já que vinha negociando com a chapa encabeçada por Ciro Gomes (PDT). Em troca, o PT apoiaria candidatos do PSB aos governos de Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco.
O principal ponto de interesse do PSB era que o PT, em Pernambuco, retirasse a candidatura da vereadora Marília Arraes para o governo. No estado, o PSB tentará reeleger Paulo Câmara.
No entanto, o acordo gerou um racha interno no PSB. Em Minas Gerais, por exemplo, a cúpula do partido decidiu não ter candidato próprio a fim de beneficiar a candidatura à reeleição do atual governador petista Fernando Pimentel.
Uma ala do PSB defende a candidatura de Márcio Lacerda ao governo mineiro e chegou a aprovar a candidatura dele, na convenção estadual do partido neste sábado (4), marcada por tumultos e que precisou da presença da polícia militar.
Neste domingo, a convenção nacional do partido, de forma unânime, anulou a decisão do diretório de Minas.
Siqueira informou que agora a cúpula do partido se reunirá com Márcio Lacerda nesta tarde para tentar chegar a uma saída para o caso.
Também presente à convenção nacional, Lacerda lamentou a decisão. “Queremos dialogar e ver se encontramos uma saída que seja boa para todos nessa situação”, afirmou.
Ciro – Na convenção do PSB, a executiva do partido no Distrito Federal, liderada pelo governador Rodrigo Rollemberg, anunciou que vai apoiar Ciro Gomes à Presidência. Rollemberg é candidato à reeleição no governo distrital.
“O Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal reitera o seu apoio à candidatura de Ciro Gomes para a presidência do Brasil, pelo partido irmão, o PDT”, informou a executiva distrital do PSB em nota. “Com Ciro presidente e Rollemberg governador da capital da República, certamente o Brasil encontrará o caminho da paz social e da prosperidade”, concluiu.
Também em Minas e no Rio de Janeiro os socialistas devem apoiar a candidatura de Ciro.