23 de novembro de 2024
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Nova gestão do Complexo de Sauípe espera faturar R$ 240 milhões em 2018

Nova gestão do Complexo de Sauípe espera faturar R$ 240 milhões em 2018

O complexo turístico da Costa do Sauipe, no litoral norte baiano, foi vendido para a Companhia Termas do Rio Quente, de Goiás, pelo valor total de R$ 140,5 milhões, em um processo que terminou na última sexta-feira (25). Nesta segunda (27), o Grupo Rio Quente anunciou a compra oficialmente e revelou que pretende obter um faturamento de R$ 240 milhões com a operação do complexo, em 2018, contrariando os R$ 29 milhões de déficit registrados pela antiga administradora Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), em 2016.

Para aquecer a operação na Bahia, a empresa goiana, que tem 50 anos de experiência no ramo, afirma já ter um planejamento para os próximos seis anos, que inclui uma reestruturação física do complexo, a transferência do modelo de negócio de Goiás para a Bahia, a implantação da operação de venda própria, além de um diálogo com o governo e com a secretaria de turismo. Com a compra do complexo localizado a 76 quilômetros de Salvador, o grupo dobra seu tamanho e se torna um dos maiores do segmento o país. Para 2018, a companhia prevê faturar R$ 675 milhões em Goiás e na Bahia.

“A gente já tinha feito uma pesquisa de mercado para ampliar a nossa rede, que apontava para dois, três estados. No final, ficou Pernambuco e Bahia. A oportunidade de Sauipe surgiu, nós encontramos a possibilidade do turismo e da hospitalidade, além da nova possibilidade de tratar com o público internacional. A Bahia é um destino muito importante no cenário brasileiro. Encaramos como uma grande oportunidade, traremos uma gestão nova, uma outra dinâmica”, comemorou Munir José Calaça, gerente de Experiência Relações Institucionais do grupo Termas do Rio Quente.

Calaça também afirmou apostar em um cadastro de clube de férias do grupo, o Rio Quente Vacation Club, que possui mais de 26 mil famílias inscritas, nos parceiros de vendas de diárias, além da venda própria de passagens que, segundo ele, é uma vantagem competitiva que pode impactar nos valores das diárias.

Os funcionários do complexo serão mantidos e capacitados pela empresa. “Nós vamos preservar, capacitar e motivar a equipe para a dinâmica do novo negócio. Vamos aproveitar a cultura local, as pessoas e investir nelas. Se tiver espaço para aumentar o empreendimento e o quadro de funcionários, faremos. A reforma trabalhista possibilitará uma ampliação mais facilmente”, disse.

Prejuízo – O Complexo Costa do Sauipe possui seis hotéis, com 1.564 apartamentos, além de estrutura para eventos de 40 salas e uma arena com capacidade de acomodar até 3.500 pessoas. A aquisição contemplou ainda as 15 quadras de tênis, a área kids e a Vila Nova da Praia. Com a compra, o grupo de Goiás passou a contar com 12 hotéis e mais de 2.700 unidades habitacionais.

O prejuízo de R$ 29 milhões registrado em 2016 foi 26% maior que o resultado já negativo apurado em 2015. A receita operacional líquida cresceu 3,7% para R$ 198,9 milhões, ao tempo que os custos aumentaram 6% para R$ 199,9 milhões. A taxa de ocupação cresceu 1,5% em relação a 2015, devido à demanda do exterior.

O negócio encerrou uma longa fase de dificuldades que a Previ enfrentou em relação ao empreendimento, do qual tentava se desfazer há pelo menos uma década. Há sete anos, algumas ofertas surgiram, como as feitas pela rede espanhola Quail e pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos, ambas na casa dos R$ 200 milhões.

Além do prejuízo financeiro no fechamento das contas, uma ação por problemas estruturais na construção do projeto se arrasta na Justiça desde 2008. O pleito é realizado pela Fundação de Funcionários do Banco do Brasil, que pede uma indenização de R$ 242 milhões da Odebrecht, idealizadora e executora do complexo, construído em 1993. A obra foi inaugurada em 2000 e a Odebrecht deixou a parceria do empreendimento há dois anos.

Para solucionar o problema, a Rio Quente pagará à Previ o equivalente a R$ 3,80 por ação ON e PN da Sauipe S.A., controlada pelo fundo de pensão dos funcionários do BB. São 12,3 milhões de ações ON e 24,6 milhões de papéis PNA, que representam 100% do capital social da Sauipe. Os valores podem sofrer ajustes de acordo com o endividamento líquido e o capital circulante da companhia vendida.

Turismo comemora – O trade turístico baiano comemorou a venda do Complexo Costa do Sauipe para o grupo goiano Termas do Rio Quente. Para o setor, o déficit de R$ 29 milhões foi resultado da má gestão da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), que não possui gestores do ramo hoteleiro. O presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran, afirmou esperar que a nova administradora requalifique o equipamento e agregue valor à Sauipe.

“O complexo está um pouco mal cuidado. Obviamente que com uma nova gestão, ele vai se reposicionar, render emprego, arrecadar mais impostos na região, entre outras coisas. É importante a criação de atrativos para o hóspede ficar interessado em vir para o resort”, disse.

O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Sílvio Pessoa, explicou que os resorts precisam de uma grande repaginação. “Nos 17 anos, nunca teve uma grande mudança. No máximo foram feitas manutenções preventivas. Eles também não investiam no complexo, não captavam turistas, somente administravam. Nos meus cálculos, acho que eles injetaram mais de R$ 1 bilhão para manter a estrutura em operação”, disse.

Pessoa também vê a necessidade de criação de animações para o local e captação de público do Brasil e do exterior. “Além do complexo ser mal cuidado, muitos funcionários em cargos maiores eram oriundos de São Paulo. É importante que a empresa forme pessoas na região e capacite e utilize mão de obra local. Fazendo um bom marketing, a vinda do grupo será boa pra Sauipe e para a Bahia, com a venda do destino”, previu.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH – Bahia), Glicério Lemos, o contexto financeiro do país influenciou o resultado econômico do complexo. “Dentro de um contexto geral, foi um momento em que o Brasil passou e que qualquer empresa estava tendo prejuízos. Não foi algo individual de Sauipe. Para alcançar esse faturamento, eles terão que fazer vendas, ter um trabalho maior e ter um direcionamento voltado para os segmentos que querem captar. Quanto mais eles faturarem, mais impostos, mais postos de trabalho gerados e mais geração de empresa”, comemorou.




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