Ao menos duas onças foram flagradas por algumas das 18 câmeras que estão instaladas no meio da mata em uma região próxima ao município de Jacobina, no norte da Bahia. Todos os pontos onde estão os equipamentos são cadastrados por GPS.
Os animais são monitorados através do Projeto Floresta Legal, uma parceria entre o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e instituições que atuam na preservação da natureza, iniciado em agosto de 2017.
Por meio das imagens, é possível notar a circulação dos animais nos dias 8 e 12 de agosto deste ano, e que eles, aparentemente, estão em boas condições de saúde.
As câmeras registraram quatro imagens, mas segundo Pablo Almeida, promotor que representa o MP-BA no projeto, os pesquisadores estão analisando os vídeos para saber se quatro animais foram flagrados pelas câmeras ou se duas onças foram filmadas duas vezes. “Estão sendo analisadas a pelagem, entre outras características dos animais”, disse Almeida.
O promotor afirmou, ainda que, além dele, os trabalhos estão sendo coordenados por Jorge Velloso, do Instituto Água Boa, e pelo professor Fábio Carvalho, pesquisador do Núcleo de Estudos e Cultura Necc/Uneb Jacobina.
“A fauna da região está sendo monitorada para que haja preservação. Se conseguimos ver predadores, animais como as onças, circulando pela região, é porque podemos considerar que o topo da cadeia alimentar ainda não sofreu com os impactos ambientais negativos”, disse o promotor.
Pablo Almeida disse, ainda, que não há registro de animais que invadiram áreas residenciais em Jacobina e região. “A repercussão do projeto está sendo positiva, as pessoas estão manifestando felicidade em ver animais importantes na nossa região”, concluiu Pablo.
A localização exata das câmeras e dos animais não são reveladas com o objetivo de manter o meio ambiente local intocado.
Quinze das 18 câmeras usadas no monitoramento da fauna foram resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta com um proprietário rural que realizou o corte de árvores sem autorização do órgão ambiental.
Nesse TAC, especificamente chamado de Termo de Compromisso Ambiental, assinado com o propritário rural, ele assumiu o compromisso de regularizar a propriedade dele, de replantar e preservar a área e doar as 15 câmeras para esse trabalho. As outras três câmeras foram doadas por dois proprietários de reservas particulares que desejaram contribuir para o projeto.
O projeto unificado do MP-BA com demais instituições e pesquisadores, visa, ainda, o fortalecimento das Reservas Particulres do Patrimônio Natural (RPPN), que são unidades de conservação de áreas privadas.
As RPPNs são instrumentos postos à disposição de pessoas com propriedades na região que podem contribuir para a preservação do meio ambiente e conservação da natureza, além da proteção da biodiversidade dos biomas brasileiros. Com apoio do MP-BA, já foram pactuadas a criação de 22 RPPNs na região, em sete municípios.
“A motivação do projeto é para criar espaços protegidos, para que os animais circulem nesses corredores. Os proprietários que criam as reservas ficam isentos do Imposto Territorial Rural (ITR). Eles podem desenvolver atividades de ecoturismo e educação ambiental, obtendo ainda preferência na análise de concessão de crédito agrícola junto às instituições oficiais”, explicou Almeida.
Nas RPPNs são permitidas atividades de pesquisas científicas e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. O MP-BA informou que é possível a criação de RPPNs apenas em parcela das propriedades rurais. As áreas que estão sendo monitoradas vão ser convertidas em RPPNs.
Foto: Divulgação/Projeto Floresta Legal