O Brasil sediará a próxima Semana Latino-americana e Caribenha sobre Mudança do Clima, em 2019, mais precisamente em Salvador. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (23) durante a edição deste ano do evento, que ocorre em Montevidéu, capital do Uruguai, até esta quinta. Na ocasião, o Brasil também informou ter reduzido 2,6 bilhões de toneladas de carbono entre 2016 e 2017, o que antecipa em três anos o cumprimento de sua meta para 2020 em relação à Amazônia e ao Cerrado. O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, representou o Brasil no Segmento de Alto Nível do encontro.
Na ocasião, a candidatura da capital baiana para sediar a próxima edição do evento foi aceita, por unanimidade, pelos participantes. Em Salvador, o secretário da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), André Fraga, comemorou a conquista. “Acompanhei o Ministro Edson Duarte durante as tratativas e fiquei animado com a possibilidade de podermos mostrar o que nossa cidade tem feito nessa agenda”. Salvador já possui inventário de emissões de gases de efeito estufa e deve iniciar o desenvolvimento de seu plano de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no inicio de 2019, além de ser signatária do Compacto de Prefeitos pelo Clima, acordo internacional que governos locais assumiram de combater as mudanças climáticas.
No evento, os resultados brasileiros no combate ao desmatamento e na redução de emissões também foram reconhecidos pela secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Patricia Espinosa. Gerenciado pelo Secretariado das Nações Unidas vinculado à Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, o evento tem a participação de cerca de 800 especialistas, entre representantes de governos, setor privado, organizações não-governamentais e comunidade científica, e ocorre desde 2008. Os participantes vêm dos 33 países da América Latina e Caribe, com apoio financeiro dos principais bancos de desenvolvimento da região.
Na edição deste ano, a Semana LAC tem o objetivo de apoiar a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países sob o Acordo de Paris e ampliar a ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável vinculados ao aquecimento global. Além disso, o encontro em Montevidéu faz parte de uma série de reuniões regionais, que ocorreram, também, na África e na região da Ásia e do Pacífico.
Antecipação – A redução de emissões alcançada entre 2016 e 2017 foi anunciada pelo ministro Edson Duarte, durante apresentação sobre as políticas florestais e climáticas do País. Em relação às emissões associadas ao desmatamento, a redução, na Amazônia, foi de 610 milhões de toneladas de carbono e, no Cerrado, foi de 170 milhões de toneladas. A meta pretendia alcançar, em 2020, a redução de 564 milhões, na Amazônia, e de 104 milhões, no Cerrado.
A queda nas emissões decorre do combate ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado, da gestão de áreas protegidas e do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “Esse resultado nos credencia a avançar e a buscar antecipação do objetivo de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia”, afirmou Edson Duarte. O objetivo mencionado pelo ministro está previsto na contribuição brasileira ao Acordo de Paris, instrumento no qual o País estabelece metas específicas para 2025 e 2030.
O Acordo de Paris foi concluído em 2015 e representa um esforço mundial para limitar o aumento da temperatura média global a bem abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e empreender esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC. Nesse contexto, cada país apresentou sua própria contribuição, a NDC, para fazer sua parte frente à mudança do clima. A contribuição brasileira é reduzir 37% das emissões de carbono até 2025, com indicativo de cortar 43% até 2030, ambos em comparação a 2005.
Foto: Divulgação/Secis