Três delatores da Operação Lava Jato confirmaram essa semana que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, envolveu pagamento de US$ 15 milhões de propinas. De acordo com o Estadão, os depoimentos foram prestados por Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Fernando Antonio Soares Falcão (o Fernando Baiano) ao juiz Sérgio Moro.
Os três foram os primeiros ouvidos pelo juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba – berço da Lava Jato – no processo aberto em março sobre Pasadena, episódio emblemático do escândalo Petrobras. A compra realizada em 2008, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, e na gestão do baiano José Sérgio Gabrielli à frente da petrolífera, foi superfaturada em pelo menos US$ 741 milhões, apurou perícia da Polícia Federal.
Os delatores estiveram entre 2005 e 2008 diretamente ligados com a compra de Pasadena. Ao juízo, detalharam a negociação de propina, a divisão dos valores e a forma dos repasses – fatos que já estão listados nas delações premiadas de cada um fechados com o Ministério Público Federal.
Os três contaram que pagar propina era praxe nos negócios da Petrobras. Num acerto entre executivos da estatal, executivos da belga Astra Oil e seu braço norte-americano e lobistas, em que se estipulou que os 50% da refinaria seriam comprados e a vendedora daria US$ 15 milhões pelo negócio. Segundo eles, o valor foi dividido em duas partes: dois terços para os brasileiros ligados à negociação pela Petrobras e um terço para os representantes da vendedora, a belga Astra Oil.