Candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT), a também pedetista Kátia Abreu reforçou nesta segunda-feira (03) ser contrária à divulgação de lista dos autuados por prática de trabalho escravo. Ela defendeu, porém, punição “na hora” para o produtor que for flagrado com “menor trabalhando” ou pessoas “impedidas de sair da propriedade”.
A candidata concedeu entrevista à GloboNews, que, nesta semana, entrevista os postulantes ao cargo de vice-presidente das 5 chapas mais bem colocadas nas pesquisas de opinião.
Na entrevista, Kátia Abreu comparou a lista a um “apedrejamento”. “Ela [a lista] é uma condenação antecipada, é um apedrejamento antecipado, que Jesus Cristo, há 2 mil anos, evitou que acontecesse em praça pública.”
As próximas entrevistas serão na terça-feira (4/9): Ana Amélia (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB); quarta-feira (5/9): Eduardo Jorge (PV), vice de Marina Silva (Rede); quinta-feira (6/9): Fernando Haddad (PT), vice de Lula (PT); e sexta-feira (7/9): General Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL).
“Ninguém aprova o trabalho escravo nem degradante. É colocar na lista pública a questão de condenação administrativa. Não é só uma informação […]. Nesta lista os produtores são proibidos de vender gado aos frigoríficos, quem produz açúcar é proibido de vender cana às usinas, quem produz soja é proibido de vender para as traders que compram soja. Então não é simplesmente uma listinha, é uma condenação antecipada”, explicou a candidata.
“Tem que ser um trabalho educativo, e não só punitivo. Agora, onde chegou e encontrou alguém como jovem, criança, menor trabalhando, ou pessoas de fato impedidas de sair da propriedade. Isso não tem discussão nem ensino, tem que ser punida na hora”, acrescentou.
Kátia Abreu também disse ser preciso combater a “perseguição” e o “abuso de autoridade” nas investigações do Ministério Público do Trabalho. “Existe, e nós precisamos corrigir, exageros de todos os lados. Tanto dos produtores rurais, nós temos que corrigir cada vez mais esta questão do trabalho degradante, as condições físicas de trabalho, como também nós precisamos combater a corrupção, a perseguição e o abuso de autoridade dentro do Ministério Público do Trabalho”, afirmou.
Ela citou um episódio envolvendo um irmão, autuado por trabalho escravo por, segundo a candidata, ser seu irmão. “[…] [Meu irmão] Era do serviço público federal, entrou em depressão, precisou se exonerar, e depois foi inocentado. E o fiscal trabalhista que o acusou foi exonerado a bem do serviço público, porque era um corrupto, que não tem nada a ver com meu irmão – que por exemplo foi acusado sem ter um palmo de chão, sem ter nenhuma fazenda.”
Kátia Abreu também afirmou ser contra alterar a legislação sobre porte de armas, mas defendeu que moradores da área rural possam requerer uso de armamento “em casos extremos”. “Existe um item que fala que a Polícia Federal exige – e graças a Deus que exige – uma justificativa para você ter arma. […] Eu acredito que [deva ser mantida] a mesma legislação sem alterar nada, em casos extremos, de distâncias, de lugares muito abandonados, como é praticamente todo o campo brasileiro […]”, disse.
“O campo não tem 190, não tem radiopatrulha, não tem nada. Agora, sou radicalmente contra enfrentamento com milícias, com índios, com sem-terras, guerra no campo”, disse Kátia Abreu.
A candidata a vice na chapa de Ciro admitiu, na entrevista, que teve uma arma enquanto vivia em uma propriedade rural há cerca de 30 anos. “Eu com 25 anos de idade fiquei viuva, com um filho de 4 [anos], um filho de 1, grávida de 2 meses, sozinha numa propriedade rural, eu nem me lembrei de armas. Um vizinho de fazenda […] disse: ‘você tem que comprar uma arma. Você tem que dar um tiro nem que seja para cima para avisar um funcionário que você está em risco’. E eu até comprei essa arma. Nunca usei, graças a Deus, nunca nem usei nem para tiro nem para treinamento”, afirmou.
Foto: Reprodução GloboNews