Candidato do PDT à Presidência nas eleições 2018, Ciro Gomes foi fiel ao seu estilo na Sabatina Estadão-Faap com os presidenciáveis na manhã desta terça-feira (04). Ele sugeriu uma reforma na Previdência com sistema de capitalização e impostos sobre heranças para solucionar o problema das contas públicas do País, além de insistir na diminuição do endividamento das famílias negativadas para reativação do consumo.
Ciro Gomes comentou ainda a crescente polarização política no País e se colocou do lado da esquerda – procurando, no entanto, manter certa distância do PT. “Meu projeto é centro-esquerda. Nunca fui do PT, sou adversário do PT. Eles têm candidato e eu sou outro candidato. Tem uma diferença profunda por definição”, disse. “Nos últimos anos, o Brasil se dividiu entre coxinhas e mortadelas. E eu tomo lado: o dos mortadelas.”
Questionado sobre as negociações com o Centrão – bloco formado por DEM, PR, PP, PRB e Solidariedade, que hoje apoia o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) – o pedetista disse que conversou com emissários do bloco para discutir uma aliança como conversaria com qualquer partido político, e que o acordo não foi alcançado por ‘diferenças fundamentais de projeto’.
O pedetista também caracterizou a Operação Lava Jato como um “momento importante da vida brasileira”, mas ressaltou que, em sua visão, houve alguns abusos – entre eles a prisão do ex-presidente Lula, que, em sua avaliação, foi feita com base em uma sentença sem provas materiais. “A Lava Jato pode ser um sinal de que a impunidade não é mais um prêmio para todos os bandidos de colarinho branco”, disse. “Estão presos Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, o Palocci. O que procuro ser é isento. Sendo isento, acho que ela comete alguns erros: não é sadio que autoridades policiais, do Ministério Público e do Judiciário vivam falando com a imprensa de gravatinha borboleta em homenagens, reuniões, destruindo reputações antes da formação da culpa.”
Ciro também criticou Bolsonaro, mas ressaltou que a discussão sobre pautas identitárias, como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, entre outras, evitam que o candidato do PSL exponha o que pensa sobre temas como economia e educação. Ele considerou, no entanto, que a vitória do deputado nas eleições representaria um “suicídio coletivo”.
Segurança e diplomacia – Na sabatina, o ex-governador cearense também falou de propostas para educação, segurança e a crise dos refugiados venezuelanos na fronteira. Segundo Ciro, é preciso uma guarda nacional tecnologicamente sofisticada com satélites, georreferenciamento, sensores e drones para resolver os problemas remotamente. “Isso proponho para as fronteiras. O Exército Brasileiro nas fronteiras está trabalhando a meio expediente”, disse. “Felizmente ninguém quer invadir o Brasil.”
Sobre a questão da Venezuela, Ciro Gomes afirmou que o regime de Nicolás Maduro foi se degradando e a diplomacia da cúpula do PT foi “alisando a cabeça” do governante chavista por solidariedade.
“Entra o PSDB com o Temer e faz o oposto: isola a Venezuela. A posição correta é que deveríamos buscar. É natural a liderança do Brasil sob o ponto de vista da vizinhança, das identidades culturais e econômicas. A tucanada escondeu que há cinco anos o Brasil tinha superávit de R$ 5 bi. Eles são dependentes do Brasil. Jogamos toda essa história na lata do lixo e o que aconteceu? Hoje, a Venezuela isolada está cheia de assessores militares e de inteligência da China e da Rússia. Na nossa fronteira. Enquanto isso, os americanos estão convidando a Colômbia, outro vizinho nosso, para se filiar à Otan.”