Preso desde setembro do ano passado na Papuda, em Brasília, pelo caso do “bunker” de R$ 51 milhões, o ex-ministro Geddel Vieira Lima esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (24), escoltado por agentes da Polícia Federal (PF), para acompanhar depoimentos de testemunhas na ação penal em que é réu perante à Corte.
Visivelmente mais magro, vestindo o uniforme branco dos detentos da Papuda, Geddel chegou na sala de audiências do STF por volta das 10h, onde ficou por cerca de uma hora.
O Estadão informa que ele assistiu aos depoimentos das testemunhas chamadas pelo irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), que também responde pelo caso do “bunker” encontrado em apartamento em Salvador. A mãe dos políticos, Marluce Vieira Lima, o ex-assessor parlamentar Job Ribeiro Brandão, e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho são os outros réus na ação penal, aberta pelo STF em maio para apurar supostos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. O relator é o ministro Edson Fachin.
Geddel conseguiu deixar a Papuda por algumas horas porque tem direito de assistir aos depoimentos no processo.
Diante do juiz Paulo Marcos de Farias, os servidores do Senado Thiago Nascimento Castro Silva e Marcos Machado Melo falaram sobre a tramitação da Medida Provisória 613. Em delação, o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho destacou que Lúcio participou da aprovação da MP como presidente da Comissão Mista, e que o deputado teria solicitado “apoio financeiro” para trabalhar pelos interesses da empreiteira no caso.
“Os pagamentos foram realizados no início do mês de outubro de 2013 na cidade de Salvador. Embora o pedido de contribuição financeira tenha sido feito pelo parlamentar acima com fundamento em necessidade de custear despesas de campanhas eleitorais, ficou claro que o não atendimento ao pedido traria dificuldades na aprovação da MP 613”, diz trecho da colaboração.
“Foi completamente normal. Uma como qualquer outra”, disse Melo sobre a tramitação da medida a jornalistas depois da audiência. Ele é da Coordenação das Comissões Mistas do Senado. O outro servidor da Casa que prestou depoimento, Thiago Nascimento Castro Silva, acompanhou a tramitação da MP 613, segundo a defesa de Lúcio.
A Medida Provisória 613, aprovada em agosto de 2013 pelo Senado, desonerava a cadeia de produção do etanol e beneficiava a Odebrecht.