Por Davi Lemos (dvlemos@gmail.com)
O debate entre os candidatos ao governo da Record Bahia, realizado na tarde deste sábado (29), não contou com a presença do governador e candidato à reeleição Rui Costa (PT), mas contou com uma proposta no mínimo pitoresca de João Henrique (PRTB). O ex-prefeito de Salvador sugeriu a realização de plebiscitos ao final dos três primeiros anos de mandato, no qual os eleitores decidiriam se ele continuaria ou não no cargo. Seria um “impeachment popular”. Além do ex-prefeito, participaram José Ronaldo (DEM), que pede por um segundo turno, Marcos Mendes (PSOL), que atira contra tudo e contra todos, e João Santana (MDB), que ainda não se adaptou ao relógio que marca o tempo para perguntas e respostas.
O governador Rui Costa não compareceu ao debate por conta do falecimento de uma tia, cujo sepultamento ocorreria quase na mesma hora em Feira de Santana – o petista suspendeu as atividades de campanha do dia. Os adversários presentes respeitaram a motivação para a ausência do governador, mas ressaltaram que Rui já não ia a todos os debates em rádio e TV. Antes do início do debate, na entrada da TV Itapoan/Record só havia bandeiras do candidato do DEM – João Santana, João Henrique e Marcos Mendes chegaram de forma mais modesta.
O primeiro a perguntar foi o candidato do PSOL, que escolheu Zé Ronaldo como algo de sua metralhadora. Ao comentar que o atual governo de Rui Costa é um dos que mais desmata no país, Mendes disse que Ronaldo também teria envolvimento com o agronegócio (como se a atividade dos grandes produtores rurais fosse ilegal ou imoral) e que também teria desmatado em Feira de Santana para construir um BRT. Ronaldo disse ser a favor do agronegócio que gere emprego e renda, mas sem agredir o meio-ambiente. Sobre o BRT, José Ronaldo afirmou que houve replantio de árvores das áres que precisaram ser desmatadas.
Após o primeiro round entre Mendes e Ronaldo, foi a vez de João Santana afirmar que o governo de Rui Costa é virtual. Num bate-bola com Zé Ronaldo, o candidato do MDB falou da grave situação da segurança pública, numa repetição de números e dados de debates anteriores: 30 assaltos a banco nos primeiros quatro meses de 2018, mais de sete mil assassinatos em 2017, contra cerca de três mil em São Paulo que tem população quase três vezes maior que a baiana.
Todos criticaram a fila da regulação, chamada de “fila da morte” no sistema de saúde, além de apontarem o péssimo resultado do ensino médio baiano, último no ranking do Ideb. O bate-bola entre João Santana e Zé Ronaldo ainda levantou o fato de ter havido corte de 40% dos recursos para as universidades estaduais tornou-se o foco. O democrata ressaltou que foi aluno da UEFS e citou que técnicos das universidades ganham menos de um salário mínimo.
Comédia – Momento engraçado do debate foi quando Marcos Mendes disse que João Henrique tinha como candidato a presidente o “Coiso”, forma como a esquerda descontente com a liderança de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas para a eleição para a Presidência é trata o presidenciável. O candidato do PSOL também atacou várias vezes João Santana e José Ronaldo: o democrata ressaltou que tem vida limpa e que tinha moral para criticar Rui Costa, o que seria demonstrado pelas quatro eleições que venceu para a Prefeitura de Feira de Santana.
João Santana, no entanto, foi menos paciente que o democrata. “Sempre detestei preguiçosos e oportunistas”, disse o candidato do MDB, referindo-se ao Psolista, que estava acompanhado de Hilton Coelho, vereador de Salvador e candidato a deputado estadual. Mendes aproveitou o horário na TV para convocar pessoas para o ato #EleNão, marcado para a tarde deste sábado, em Salvador.
Embora seja João Henrique o candidato que pede voto para Bolsonaro, os votos do deputado pelo Rio de Janeiro devem ir, em sua maioria, para José Ronaldo.
Antes do início dos debates, em entrevista ao NewsBA, Ronaldo disse que vê com otimismo os votos que receberá dos eleitores de Bolsonaro. “O senador Magno Malta esteve aqui na Bahia e declarou que eu sou o candidato apoiado por Bolsonaro. Bolsonaro também gravou um vídeo direto do hospital”, disse José Ronaldo.
O democrata disse que os apoiadores de Bolsonaro trabalham mais as redes sociais que os do presidenciável tucano Geraldo Alckmin. Zé Ronaldo viu como muito positiva a migração de votos dos eleitores de Bolsonaro para a sua canditatura.
Foto: Davi Lemos/NewsBA
