Cidadezinha do interior paulista, Uchoa acolheu o pai de Fernando Haddad (PT) quando ele deixou o Líbano em 1948. Hoje, com cerca de 10 mil habitantes, a cidade vira as costas para o petista, esquece ser terra de tucano e surfa na onda Jair Bolsonaro (PSL).
No primeiro turno, Bolsonaro liderou em Uchoa com 3.278 votos (58,7%), enquanto Haddad conseguiu 855 votos (15,3%). Geraldo Alckmin, pelo PSDB, ficou em terceiro com 727 votos (13%).
O cenário em Uchoa, a 420 quilômetros de São Paulo, não destoa do estado, onde Bolsonaro recebeu 53% dos votos contra 16,4% de Haddad.
No entanto, chama atenção pelo fato que nem a relação do petista com a cidade o tenha ajudado na votação. Haddad, em um dos seus vídeos nas redes sociais, cita a peregrinação dos pais pelo interior paulista, após saírem do Líbano.
Ao deixar a cidade de Ain Aata, os familiares de Haddad desembarcaram em Uchoa e abriram uma loja de tecidos, roupa de cama, mesa e banho, a Casa São Jorge.
O imóvel, na avenida Pedro de Toledo, continua com a mesma fachada. A cidade, na época, enriquecida por conta da agricultura, principalmente o café, oferecia oportunidades no comércio.
Kalil Haddad, pai do candidato, só trocaria Uchoa, em 1960, motivado pelo desenvolvimento da rua 25 de março no centro em São Paulo.
Parte da família continuou pelo interior paulista, enquanto Kalil fundou sua loja na capital, onde o filho Fernando nasceu. Único sobrevivente daquela época e que reside em Uchoa, Anis Âmbar, de 93 anos, é primo de Kalil. Anis é literalmente um cabo eleitoral de Fernando Haddad na pequena cidade do interior.