Em cinco anos, 29 hotéis fecharam as portas em Salvador, segundo informou o presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran ao site G1. Para os representantes do setor turístico, a forma de reverter o cenário atual de crise é investir no turismo de negócios.
O Othon Palace Hotel, não está na lista de fechados, mas já anunciou o fim das operações na capital baiana e deve funcionar até 18 de novembro. O último hotel a encerrar as atividades foi o Portal da cidade, que ficava ao lado da Rodoviária de Salvador. Ele foi fechado na semana passada, segundo disse Duran.
Conforme Duran, houve a perda de 30 mil postos de emprego no seguimento do turismo, no geral.
Dados do Conselho indicam que, em maio de 2015, a capital baiana tinha 468 hotéis. Em janeiro de 2017, eram 407 hotéis na cidade, uma queda de 13,03% em dois anos. Os dados do CBTur apontam que o maior número de estabelecimentos turísticos fechados foi registrado entre 2015 e 2017. Atualmente, Salvador possui 402 hotéis com cerca de 40 mil leitos.
Turismo de negócios – Roberto Duran contou que a capital perdeu a capacidade de fazer esse turismo de negócio desde 2013, quando o Centro de Convenções da Bahia (CCB), que tinha capacidade para cerca de 15 mil pessoas, fechou. O local foi fechado para obras em 2015, mas em setembro de 2016, parte da fachada do prédio desabou.
“O turismo de lazer é poético, mas isso é sazonal isso não garante cadeia produtiva de negócio. O que realmente mantém destino chama-se turismo de negócios, aquele que se faz congressos e demais eventos relacionados ao seguimento”, relatou Duran.
O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Silvio Pessoa, concorda com Duran e lamentou não apenas a saída do Othon de Salvador, como também a perda do Centro de Convenções que funcionava no local e tinha capacidade para três mil pessoas.
“O que aconteceu com o Othon não é momentâneo, é resquício passado. Não será surpresa se demais hotéis fecharem as portas”, contou Pessoa.
O presidente da FeBHA detalhou que, em 2018, houve uma melhora no setor hoteleiro, mas não resolveu a situação econômica de muitos estabelecimentos do seguimento.
“Os prejuízos foram de anos. Até para conseguir empréstimos é necessário estar em dia com documentações e financeiramente, mas muitos já estão endividados”, detalhou.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH-BA), Glicério Lemos, informou que este ano, de janeiro até setembro, a ocupação hoteleira de Salvador foi de 61,29%. Entretanto, ele também concorda que isso não possibilitou que os hotéis atingissem um ponto de equilíbrio para o pagamento das contas. Com isso, mais de 90% dos hotéis trabalham no vermelho na capital baiana.
“O aumento da ocupação hoteleira foi de 15% no primeiro semestre desse ano, mas não foi suficiente para melhorar a situação dos hotéis”, detalhou.
Por meio de nota, o governo do estado informou que o projeto do novo Centro de Convenções da Bahia está em fase de consolidação para o lançamento do edital.
O Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), para a construção e administração do equipamento, recebeu da empresa REAG uma proposta de construção do CCB no Parque de Exposições, localizado na Avenida Paralela. O projeto proposto agrega restaurantes, centro de compras, hotéis e estacionamento, além de ser planejado próximo à estação de metrô e perto do aeroporto.
Já o destino do antigo Centro de Convenções está em análise. A prefeitura de Salvador também possui um projeto de um Centro de Convenções na cidade. Diante dessas duas possibilidades, os representantes dos setores turístico e hoteleiro têm esperanças de que a crise pode ser superada.
Estabilidade – Para Roberto Duran, o setor hoteleiro não precisa ser apenas alavancado novamente, mas é importante que a estabilidade do setor seja mantida.
“Qualquer destino do mundo se desenvolve com três pontos fundamentais, logística, acessibilidade, que é a entrada e saída, e Centro de Convenções, que garante a longevidade do destino. Isso é importante para que toda a cadeia produtiva se desenvolva. Os hotéis são apenas a ponta do iceberg no setor, que é o que mais aparece aos olhos das pessoas, mas tudo que existe entre o cliente e os hotéis fazem parte da cadeia, como por exemplo, restaurantes e transporte”, disse Duran.
Para tentar “sobreviver” durante esse período que o Centro de Convenções da Bahia está fechado, diversos eventos foram realizados em Salvador, nos Centros de Convenções de grandes hotéis da capital baiana.
“Ainda temos o Centro de Convenções do Hotel Fiesta, com capacidade para 2.500 pessoas e do Gran Hotel Stella Maris, para cerca de duas mil pessoas, que foi o que deu suporte ao seguimento”, disse.
Duran também falou sobre a importância do aeroporto de Salvador para o turismo. “Quando temos um terminal inadequado, é claro que impacta negativamente para o turista, isso pode trazer uma imagem ruim do destino, mas acredito que com a conclusão das obras previstas para outubro do ano que vem, as coisas vão melhorar bastante”, contou.
O aeroporto da capital baiana já foi considerado o pior entre os 20 maiores aeroportos do país. Até dezembro de 2017, o aeroporto era administrado pela Infraero. Em março, a empresa Vinci arrematou o terminal por R$ 1,59 bilhão. A concessionária iniciou em abril deste ano a primeira fase das obras de modernização e expansão do equipamento, com previsão de conclusão para outubro de 2019.