Com 97,17% das urnas apuradas, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) é o novo governador do Rio Grande do Sul. O tucano, com 53,40% dos votos válidos, bateu o candidato à reeleição, José Ivo Sartori (MDB), com 46,60%, nas eleições 2018. Aos 33 anos, Leite se torna o governador gaúcho mais jovem desde a redemocratização.
Leite foi o único governador eleito em 2018 pelo PSDB, e o partido volta à frente do Estado após 8 anos. Yeda Crusius governou entre 2007 e 2010 pelo PSDB.
Em sua primeira eleição ao governo do Estado, Leite apostou no discurso da “renovação com experiência” para se eleger. Em 2012, o tucano foi eleito o prefeito mais jovem da história de Pelotas, com 27 anos, depois de um mandato como vereador. Entre suas propostas, está a adesão “em outros termos” ao programa federal que permite auxílio à crise fiscal do Estado, além da “melhoria” na gestão dos recursos públicos, principalmente na Saúde e na Educação. Tem como vice o delegado e ex-chefe da Polícia Civil Ranolfo Vieira Jr. (PTB) com quem pretende montar um plano estadual para a Segurança Pública.
Segundo especialistas, a “renovação” proposta por Leite encontrou eco no eleitorado gaúcho, insatisfeito com a classe política “tradicional”. “Leite, de alguma forma, representa uma novidade nesse cenário. Ele é jovem, ainda não maculado por esse elemento da política, e também havia um grau de rechaço ao PT”, afirmou o professor da UFRGS e analista político Aragon Dasso Júnior. Pela primeira vez em 28 anos, o PT ficou fora do segundo turno no RS.
Para o cientista político da Escola de Humanidades da PUCRS Augusto Neftali, a aliança firmada com o PP e o PTB, siglas com grande capilaridade no RS, foi importante para o sucesso da candidatura. “O PSDB gaúcho não é um partido grande, mas quando conseguiu apoio do PTB e do PP, formou-se uma coalizão muito clara de centro direita. Isso colocou a campanha do Sartori num espaço desconfortável de ter uma pauta liberal não contar com os partidos mais fortemente associados nesta pauta”, disse.
Em 2019, Leite vai encarar um Rio Grande do Sul com uma dívida que deve alcançar a casa dos R$ 80 bilhões e, segundo especialistas, o novo governador vai precisar de articulação para aprovar suas medidas. “Isso vai demandar a construção de uma maioria com forças que, em geral, são antagônicas ao PT. As propostas precisam ser sustentáveis do ponto de vista social quanto de ponto de vista financeiro”, destacou Neftali. Para Dasso Júnior, Leite terá que enfrentar o desgaste da imagem do Estado com servidores e com relação ao País, e colocar em prova sua própria experiência como administrador público. “Ele salta de um município para uma escala muito maior e não tem trajetória estadual ou federal. O Rio Grande do Sul é mais complexo”, pondera o professor da UFRGS.