O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro vai se concentrar em “mudar o modelo econômico social-democrata” no Brasil mediante um programa acelerado de privatizações e controle do gasto público, anunciou o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
“O Brasil tem 30 anos de expansão de gastos públicos descontrolados (…) Esse modelo econômico corrompeu a política, subiram os impostos, subiram os juros, nos endividamos numa bola de neve”, disse Guedes à imprensa no Rio de Janeiro.
Ultraliberal formado na escola de Chicago, Guedes condenou “o modelo social-democrata”. “Esse modelo social-democrata é ruim, somos prisioneiros do baixo crescimento, temos impostos altos, temos juros muito altos, comercializamos com poucos países”, declarou.
Guedes antecipou que as primeiras medidas econômicas de Bolsonaro, que vai assumir o cargo em em 1º de janeiro, vão se concentrar no controle do gasto público.
Para isso, acrescentou, “precisamos de uma reforma da Previdência”. Também “vamos acelerar as privatizações porque não é razoável o Brasil gastar 100 bilhões de dólares pelo menos em juros da dívida”.
Segundo Guedes, o plano econômico de Bolsonaro também prevê uma reforma do Estado e uma simplificação e redução de impostos.
Mercosul – Paulo Guedes afirmou neste domingo que o Mercosul não é prioridade do futuro governo. Ele disse que o bloco é “restrito demais” e afirmou que o Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas em governos anteriores.
“O Mercosul é restrito demais para o que estamos pensando. O Mercosul, quando foi feito, foi totalmente ideológico. O Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas e isso é ruim para a economia”, afirmou Guedes a jornalistas, pouco tempo depois de sair da casa de Bolsonaro, no Rio.
O economista e futuro ministro disse que o governo não vai “quebrar nenhum relacionamento” e que pretende negociar com o mundo.
“Eu só vou comercializar com Argentina? Não. Eu só vou comercializar com Venezuela, Bolívia e Argentina? Não. Nós vamos negociar com o mundo”, disse. “Serão mais países. Não seremos prisioneiros de relações ideológicas. Nós faremos comércio.”
Guedes demonstrou irritação ao ser questionado por uma repórter do Clarín, jornal argentino, sobre o que pensa para o futuro do bloco. “O Mercosul é uma aliança de alguns países daqui. E se eu quiser negociar com o resto do mundo, podemos?”, disse. “O foco do programa é controle de gastos. Ai você pergunta e o Mercosul? Não é prioridade”, afirmou. “A prioridade não é o Mercosul. Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. É isso o que você quer ouvir? Você está vendo que tem um estilo que combina com o do presidente. A gente fala a verdade. A gente não está preocupado em te agradar”, disse.
O economista estava sentado no lobby do hotel Windsor, perto da casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, quando foi abordado por jornalistas. Guedes não se levantou para responder e, demonstrando incômodo com os questionamentos, levantou-se, disse que não iria responder mais e começou a andar. A jornalista do Clarín caiu e o economista preocupou-se em dizer publicamente que não havia empurrado ela, mantendo o tom ríspido.