A construtora Odebrecht deu inÃcio a um processo de reestruturação de uma dÃvida de US$ 3 bilhões. A decisão ocorre alguns dias depois de a empresa deixar de pagar US$ 11 milhões em juros e entrar no perÃodo de carência de 30 dias previsto no contrato. Na ocasião, a companhia afirmou que usaria o perÃodo para avaliar as condições do setor e da própria empresa no médio e longo prazos.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, para fazer a negociação com os detentores dos tÃtulos, chamados de bondholders, a Odebrecht contratou como assessores o banco Moelis & Company e o escritório de advocacia Cleary Gottlieb, além de contar com o apoio da Munhoz Advogados. Do lado dos bondholders, as negociações serão feitas pela Rothschild. Procurados, Odebrecht e Moelis não se manifestaram.
As negociações sobre como será feita a reestruturação deverão começar oficialmente após o fim do perÃodo de carência, no dia 26 de novembro, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A proposta, com as condições do reperfilamento, está em elaboração.
Metade dos US$ 3 bilhões de dÃvida vence em 2042 e a outra metade se refere a tÃtulos perpétuos, sem vencimento do valor principal. Hoje, a Odebrecht paga algo em torno de US$ 170 milhões por ano de juros. Com a renegociação, a ideia seria dar um fôlego ao caixa da empresa e, ao mesmo tempo, diminuir o prazo desses tÃtulos. Embora não tenha emitido essa dÃvida, a construtora é a garantidora dos tÃtulos. Os recursos foram usados em várias outras unidades de negócios da holding.
Fontes ligadas à s negociações afirmam que o fraco desempenho da economia brasileira e a falta de obras no PaÃs dificultaram os planos da construtora – centro do maior escândalo de corrupção do PaÃs – para se reerguer. Por isso, há necessidade de renegociar a dÃvida. Na época do não pagamento dos juros, em outubro, a maior preocupação era de que a empresa entrasse com pedido de recuperação judicial, o que fez com que várias agências de classificação de risco cortassem a nota da companhia.
A Fitch chegou a dizer que o uso dos 30 dias de carência indicava que um “processo semelhante ao de inadimplência” havia começado. Na opinião da agência, o atraso de um montante relativamente pequeno gerava preocupações sobre a intenção e a capacidade da empreiteira amortizar juros e a dÃvida no futuro.
Além dos US$ 11 milhões vencidos no mês passado, a empresa teria de arcar com o pagamento de mais US$ 60,8 milhões, em dezembro. Para a Standard & Poor’s, o caixa da OEC está entre US$ 400 milhões e US$500 milhões, o que cobriria sua dÃvida de curto prazo. “Mas, devido à s condições de negócios desafiadoras e ao consumo contÃnuo de caixa, acreditamos que existe maior risco de reestruturação da dÃvida.”
Acordo – As negociações para uma nova reestruturação ocorrem seis meses após a conclusão de um acordo de R$ 2,6 bilhões com os principais bancos do PaÃs. A empresa adotou a mesma estratégia na época, quando usou o perÃodo de 30 dias de carência para pagar uma dÃvida de R$ 500 milhões.
Quase metade dos recursos conseguidos na renegociação ficou com a construtora do grupo para pagar a dÃvida de R$ 500 milhões e para capital de giro da empreiteira. As conversas para o fechamento do acordo demoraram quatro meses para serem fechadas. Desta vez, no entanto, a expectativa é que a conclusão de um acordo seja mais rápida, já que os detentores dos tÃtulos têm demonstrado interesse em rever as condições da dÃvida, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.