25 de novembro de 2024
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Raquel Dodge diz não ter prazo para decidir se denuncia Temer no caso dos portos

Raquel Dodge diz não ter prazo para decidir se denuncia Temer no caso dos portos

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta quarta-feira (14) que não tem prazo para decidir se denuncia ou não o presidente Michel Temer no inquérito dos portos. Pelo regimento interno do Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) tem 15 dias –após receber o relatório final da Polícia Federal (PF) – para denunciar, pedir arquivamento ou requerer coleta de mais provas. Esse prazo venceu em 31 de outubro.

No dia 16 de outubro, a PF apresentou o relatório final da investigação e indiciou Temer e mais dez pessoas por integrarem um suposto esquema para favorecer empresas específicas na edição de um decreto, em 2017, sobre o setor portuário.

No entanto, a Procuradoria e o STF avaliam que se trata de um prazo “impróprio”, de cumprimento não obrigatório, uma vez que o Ministério Público tem o prazo que considerar necessário para formar sua opinião a respeito do tema.

“Desde que eu recebi [ o relatório final da PF], está em análise. Não tem prazo para eu concluir a análise, não. […] O inquérito é muito extenso, estou examinando”, afirmou Raquel Dodge ao chegar ao STF nesta quarta.

Em um mês e meio, o mandato de Temer termina e ele perderá o foro privilegiado no STF. O caso terá que, obrigatoriamente, passar para a primeira instância da Justiça.

Como as suspeitas se referem ao exercício atual do mandato de Temer, caso ele seja denunciado ainda neste ano, a Câmara terá que autorizar o prosseguimento para o STF decidir se aceita ou não eventual acusação. Uma eventual denúncia no fim do mandato, porém, poderia não ter tempo hábil de ser avaliada na Câmara e no STF.

O Supremo ainda terá que julgar, em data não prevista, se mantém o indiciamento de Temer apresentado pela PF pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O relator do caso no STF, ministro Luís Roberto Barroso, já negou em decisão individual derrubar o indiciamento, e os advogados recorreram.

A defesa entende que a PF usurpou a competência do Supremo ao indiciar sem autorização do tribunal. Para os advogados de Temer, a PF não tem competência para o indiciamento.

A defesa alega que o STF decidiu, em 2007, que não é permitido o indiciamento de autoridades com foro privilegiado.

Para Barroso, no entanto, indiciamento é ato previsto em lei para qualquer pessoa e não pode haver privilégios. Não há previsão de data para o caso ser discutido em plenário, mas, pelas regras, o ministro terá que ouvir antes a opinião da Procuradoria Geral da República.

Mesmo que a questão seja analisada após o fim do mandato, o STF pode dar uma nova interpretação sobre se é ou não possível indiciar político com foro privilegiado.




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