O samba pediu passagem na noite desta sexta-feira (30), no Plenário da Câmara Municipal de Salvador. Idealizada pela Associação Baiana do Samba (Abesamba) e proposta no Poder Legislativo pelo vereador Sidninho (Podemos), a sessão especial em homenagem ao dia do ritmo musical mais tradicional do Brasil, comemorado em 2 de dezembro, contou com a presença de importantes nomes ligados ao samba.
A solenidade teve como principal homenageado o sambista Riachão, que compôs mais de 500 músicas ao longo dos 97 anos de vida. “É com muita alegria que atendi o pedido para a realização dessa sessão. O samba traz alegria, respeito e união. Em Salvador, abraçou as comunidades de tal forma que foi criado o samba junino. É bonito de se ver, ouvir e dançar. Juntos podemos garimpar mais espaços para manter essa cultura viva na nossa cidade”, afirmou Sidninho.
Ainda de acordo com o legislador, o reconhecimento do samba enquanto patrimônio de toda a sociedade brasileira passa, inevitavelmente, pela valorização dos artistas que impulsionam a cultura. “É o maior sambista baiano vivo, que aqui nos honra com a sua presença. Riachão: você é o samba e o samba é você”, elogiou. Durante o discurso de Sidninho, a vereadora Ana Rita Tavares (PMB) presidiu interinamente a sessão.
Irreverência – A quebra do protocolo e a irreverência sempre foram marcas de Riachão. Na sessão especial, não foi diferente. O artista iniciou a solenidade cantando sambas antigos, fazendo graça e recordando a história do ritmo musical. “Nasceu na Bahia com a chula”, cravou.
Em relação a um dos seus maiores sucessos, “Vá Morar com o Diabo”, Riachão contou que a música nasceu de uma história verídica. “Eu estava comendo água, no Garcia, quando um homem chegou para contar o que estava vivendo com a gata dele. Ele reclamava que ela não fazia nada em casa e eu só fiquei ouvindo. No fim das queixas ele falou, se referindo à mulher: ‘Vá morar com o diabo’. Ele foi embora, Jesus Cristo mandou a música para mim, e todo mundo gostou”, lembrou.
Apesar do sucesso, Riachão garante que não gosta da música. “Não veio do meu coração. Isso não é jeito de se falar com uma mulher. Elas merecem o nosso carinho e respeito”, explicou.
Além dos sambistas da nova e da velha guardas, alguns dos responsáveis pelas festas populares de Salvador também marcaram presença na sessão. O presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Pedro Costa, rasgou elogios ao homenageado da noite. “Parabéns a esse ícone da cultura da Bahia. Riachão não é só um sambista. É um patrimônio cultural. Tenho muito orgulho de ser contemporâneo dessa instituição”, declarou.
Foto: Valdemiro Lopes/CMS