O presidente da República, Michel Temer, disse nesta quinta-feira (20) que a “mágoa” que ele leva ao fim do seu governo foram os “ataques de natureza moral”. Afirmou ainda que sempre teve uma “vida pública muito exata, muito correta” e que só pode se “orgulhar” do que fez ao longo do tempo.
As declarações, dadas em um encontro de fim de ano com servidores no Palácio do Planalto, vêm um dia após a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, oferecer uma terceira denúncia contra ele.
Temer é acusado, no inquérito dos portos, de ter integrado suposto esquema para favorecer empresas específicas na edição de um decreto sobre o setor portuário.
“De outro lado, aqui, sim, eu levo isto como uma mágoa, foram os ataques de natureza moral. Vocês sabem que tenho mais de 50 anos. Então, quando eu digo, interessante, eu tive uma vida na universidade, uma vida na profissão, uma vida pública muito exata, muito correta”, afirmou.
E continuou: “Eu tive uma vida muito enaltecida, muito enaltecida, mas, apesar de tudo, uma vida discreta, porque vocês percebem que, sem embargo estar na vida pública e na política brasileira, eu não me transformei em carro alegórico. Pelo contrário. Eu sempre fui extremamente discreto em tudo aquilo que eu faço. E, portanto, quando vêm os ataques de natureza moral, daí que realmente isso me caceteia, me chateia, me aborrece. A única coisa que me aborrece. No mais, só posso orgulhar-me do que fiz ao longo do tempo”.
Diante de um painel com o desenho de uma grande árvore de Natal, afirmou que esses meses no governo “não foram fáceis, foram dificílimos” e que enfrentou uma oposição política “legítima”, mas “feroz, pesada”. Ressaltou, porém, que isso não o assustou porque aprendeu a “conviver na democracia”.
Dirigindo-se aos servidores, afirmou que “a dificuldade não deve ser o que vai impedi-los de prosperar, de prosseguir”.
O encontro aconteceu no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Em pé, os servidores assistiram à apresentação de músicas natalinas cantadas por um coral de funcionários dos Correios.
Ao começar o seu discurso, Temer disse que “nem sabia que tanta gente trabalha aqui no Palácio”. Ao fim, encerrou convidando os presentes a fazer uma “visitinha” ao escritório dele em São Paulo quando já não for mais presidente e que continuará servindo “café quente”.
“Eu estarei fora de Brasília, mas, seguramente, estarei em São Paulo. Mas, como vou ter muito tempo depois, vou pedir para a Nara [de Deus, sua chefe de gabinete] e a todos que transmita o nosso endereço para que vocês, indo a São Paulo, vocês possam chegar lá e dizer: ‘Ô, Temer, eu vou dar uma visitinha aí no seu escritório’. Porque lá eu sirvo o mesmo café de hoje. O café, que está quente, no meu escritório será quente”, afirmou.
A expressão “servir café frio” costuma ser usada para descrever os últimos meses do mandato de um presidente da República quando já não é tão mais procurado.
Ao final, servidores se revezaram para tirar fotos com o presidente.