27 de novembro de 2024
  • :
  • :

Bahia teve em média 24 mortes por tuberculose por mês em 2018, diz Sesab

Bahia teve em média 24 mortes por tuberculose por mês em 2018, diz Sesab

Mesmo sendo uma doença que tem cura, cujo tratamento é gratuito na rede pública e que existe desde a Idade Média, a tuberculose ainda tem altos índices de mortalidade. No ano passado, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), foram 295 mortes na Bahia – ou seja, mais de 24 por mês. Praticamente uma em cada quatro dessas mortes foi registrada em Salvador.

Em todo o estado, no ano passado, foram 4.750 casos de tuberculose. A maioria deles está em Salvador – 1.561 ocorrências, representando mais de 32% do total.

Este ano, já foram 21 óbitos no estado, sendo sete na capital baiana. O total de casos no estado era de 489 no último dia 8, sendo 155 em Salvador.

Segundo o jornal Correio, especialistas concordam: ainda se morre muito por tuberculose. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que ela é a doença infecciosa mais letal do mundo. No ano passado, a entidade chegou a pedir uma “mobilização sem precedentes de compromissos nacionais e internacionais”, ao divulgar o Relatório Mundial da Tuberculose.

A meta da OMS era de acabar com a doença até 2030, mas a organização acredita que os países ainda não estão fazendo o suficiente para erradicá-la. O Brasil, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), é um dos 22 países com carga mais alta da doença.

Só para dar uma ideia, países como os Estados Unidos e a Finlândia tinham, respectivamente, índices de 3,1 e 4,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2017. No outro extremo, a África do Sul e a Mongólia tiveram, no mesmo ano, 567 e 428 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente.

Contexto social – Um dos grandes problemas da doença é que a forma de contágio, através das vias respiratórias, está diretamente ligada a um aspecto social. É o que explica a infectologista Ana Paula Alcântara, médica dos Hospitais Roberto Santos, Santo Amaro e Aliança e professora da Escola Bahiana de Medicina e da Unifacs.

“Quanto maior a dificuldade social da população, maior o risco dessa população se infectar, porque costumam ser moradias com muitas pessoas e em pequenos espaços”, afirma.

O Bacilo de Koch, bactéria que provoca a tuberculose, não costuma sobreviver à luz solar. Por isso, ambientes arejados e ventilados ajudam a evitar o contágio. Na contramão, locais fechados tendem a favorecer o aparecimento e a transmissão.

Além disso, como alerta o médico clínico Afonso Batista, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o fato de o tratamento durar seis meses faz com que alguns pacientes o abandonem, o que gera uma resistência da bactéria no corpo. “Alguns casos são muito resistentes e, se tem associação com diabetes, neoplasias ou HIV, podem piorar. Você faz com que essa doença tenha maior gravidade e pode levar à morte quando a gente retarda o diagnóstico”.

É isso que também aponta a pneumologista Eliana Matos, médica do Hospital Cardiopulmonar, professora da Escola Bahiana de Medicina e coordenadora do Programa de Tuberculose Multirresistente do Hospital Otávio Mangabeira.

“O problema é o diagnóstico tardio, por estigma, por desconhecimento da população em relação aos sintomas da própria condição socioeconômica dos estratos sociais que são mais acometidos pela população”, explica a especialista.

O diagnóstico precoce é possível quando o paciente busca atendimento logo quando os sintomas aparecem. É com essa atitude de buscar imediatamente ajuda do sistema de saúde que pode-se alcançar o objetivo de “morte zero” por tuberculose, como é indicado pela OMS.

“Os fatores referentes aos serviços de saúde incluem o acolhimento ao paciente com sintomas e o treinamento do profissional que está na ponta, para que ele esteja atento à detecção da doença”.

Tuberculose e HIV – A infectologista Ana Paula Alcântara explica que há uma associação forte e direta entre a tuberculose e a infecção pelo HIV. Por isso, todo paciente que recebe o diagnóstico precisa obrigatoriamente fazer um exame para descobrir se tem HIV também. “Tem um risco muito aumentado não só de infectar, mas de reativar a tuberculose. Ou seja, caso a pessoa se infecte e seja curada, de reativar a doença”, explica a médica.

O Ministério da Saúde admite, oficialmente, que pessoas que vivem com HIV/Aids têm um risco de adoecimento por tuberculose aumentado em até 28 vezes – a mesma taxa que a população privada de liberdade. As pessoas em situação de rua representam um grupo ainda mais vulnerável, com risco de adoecimento até 56 vezes maior.

Na Bahia, entre os anos de 2008 a 2018, foram notificados 12.912 casos de infecção pelo vírus do HIV, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). No ano passado, segundo o órgão, foram 2.322 novas ocorrências do vírus no estado.




Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *