O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comprometeu-se nesta terça-feira (9) a melhorar os resultados educacionais do Brasil com o orçamento atual. Ele disse não ser “radical” e tem experiência em gestão, daí a disposição em apresentar resultados, e destacou ser aberto ao diálogo. Também mencionou conhecer universidades estrangeiras inclusive na China.
“Com o que a gente gasta em relação ao PIB [Produto Interno Bruto], a gente tem que entregar mais”, afirmou Weintraub durante a cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, na presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Segundo Weintraub, como titular pretende “entregar o que foi prometido no plano de governo. Bem sucintamente, mais com o mesmo que a gente já gasta”. Ele se disse também aberto ao diálogo e enfatizou que não tem filiação partidária.
Mudanças
O ministro também elogiou o antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez, exonerado ontem (8). “Velez é muito inteligente, mas dadas as circunstâncias, a gente não está conseguindo entregar [os resultados] no ritmo esperado”, disse.
Weintraub comparou a equipe do governo a um time de futebol e disse que às vezes trocas são necessárias. “Dificilmente vai ver um técnico não fazer uma ou outra modificação, não porque seja ruim ou seja bom, mas simplesmente porque naquele momento ele não está adequado para aquela função.”
O ministro reiterou que é de falar pouco, mas que fazia questão de dar tranquilidade neste momento.
Escolha – O presidente Jair Bolsonaro discursou na cerimônia de posse do ministro. Segundo ele, a escolha de Weintraub foi feita entre mais de dez “bons currículos” e que viu no indicado a maioria dos pré-requisitos necessários para o cargo. “Ele é aquele que não tinha deficiência ou era melhor em cada um desses itens [pré-requisitos para o cargo], por isso eu escolhi o nosso Abraham.”
Bolsonaro afirmou que Weintraub terá liberdade para escolher sua equipe na pasta. Nos últimos meses, houve troca em pelos mais de dez cargos do alto escalão do ministério e órgãos vinculados na gestão de Vélez. “Ele [Weintraub], assim como os demais ministros que estão aqui, tem carta branca para escolher todo o seu primeiro escalão”, disse.
O presidente ressaltou que acredita no “empenho, dedicação e patriotismo” do novo ministro e definiu o que espera de resultado na educação até o fim do seu mandato.
“No final do nosso mandato, se Deus quiser, em 2022, nós possamos ter uma garotada que não esteja ocupando os últimos lugares do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos], uma prova internacional que se faz com a molecada desde a nova série do ensino fundamental, na faixa dos 15 anos de idade. Nós queremos que não mais 70% dessa garotada não saiba fazer regra de três simples, não saiba interpretar texto, não saiba perguntas básicas de ciências”.
Em um ranking de 70 países, o Brasil ocupa a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática, no Pisa.
Perfil – Weintraub foi integrante da equipe de transição do governo do presidente Bolsonaro, e ocupou o cargo de secretário executivo da Casa Civil, sob o comando de Onyx Lorenzoni.
O novo ministro é, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestre em administração na área de finanças pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (USP – 1994).
Atuou como economista-chefe e diretor do Banco Votorantim, e como sócio na Quest Investimentos.
Dados – Atualmente, o Brasil investe o equivalente a 5,5% do PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, de acordo com dados de 2015 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os últimos disponíveis. Considerando apenas os gastos públicos com educação pública, esse investimento é equivalente a 5% do PIB.
O investimento está no mesmo patamar de países com melhores resultados educacionais, quando se trata da porcentagem. O Chile, por exemplo, investe o equivalente a 4,8% do PIB daquele país, o México, 5,3% e os Estados Unidos, 5,4%.
Em valores, no entanto, o Brasil está aquém de outros países. O governo do Brasil gasta cerca de US$ 3,8 mil por estudante dos ensinos fundamental e médio nas instituições públicas, o que representa menos que a metade da média Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).