A inflação oficial registrou a menor taxa para o mês de maio desde 2006, ao ficar em 0,13%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (7).
Em maio de 2006, o índice foi de 0,10%. Segundo o analista de Índice de Preços do IBGE, Pedro Kislanov, a desaceleração da inflação de um mês para o outro aconteceu por causa de quedas importantes nos grupos de alimentação e bebidas (-0,56%), transportes (0,07%) e saúde e cuidados pessoais (0,59%).
De acordo com o economista Valdir Domeneghetti, coordenador de cursos da FIPECAFI, a menor taxa para o mês de maio desde 2006 tem a ver com a mudança de governo.
“Tivemos uma mudança profunda de gestão, a ruptura de um modelo que estava aí faz um tempo. Existia uma pressão por conta da incerteza do que estava por vir e, por isso, teve uma turbulência até próximo a abril”, explica. “Em abril, os preços começaram a ficar mais controlados, o governo mais ambientado”, completa.
Ainda segundo Domeneghetti, a inflação gerada até o momento se devia a fatores internos e externos. “O preço do dólar tem influência, a briga dos Estados Unidos com a China também. De fatores internos, nada justificava a inflação alta porque a atividade industrial está ociosa, temos muitos trabalhadores desempregados. Não existe uma falta de capacidade de atender a demanda. Então, se devia a uma turbulência interna”, avalia.
Dentro dos alimentos, o tomate, o feijão-carioca e as frutas ficaram mais baratos para o consumidor em maio em comparação com o mês anterior. Em contrapartida, houve aumentos nos preços do leite longa vida e da cenoura.
Ainda para Domeneghetti, é importante para a população os alimentos manterem preços dentro de um controle. “Inflação é desastrosa e atinge os menos favorecidos. Com inflação comportada, as pessoas de menor renda conseguem comprar melhor. Isso ajuda muito a camada que mais sofre. Nos agentes econômicos, também é bom porque tem uma porevisibilidade maior.”
Nos transportes, a gasolina foi o principal impacto individual da inflação oficial de maio, com aumento de preço em todas as regiões pesquisadas.
Por outro lado, as passagens aéreas, que haviam subido em abril (5,32%), apresentaram queda de 21,82% em maio.
“Após subirem em abril, os preços dos alimentos com grande peso na cesta básica caíram devido ao aumento da oferta com a colheita do tomate, das frutas e da segunda safra do feijão. Nos transportes, houve queda de 21,82% no preço das passagens aéreas. Já no grupo saúde e cuidados pessoais, a alta de 2,25% nos remédios em abril, devido ao reajuste anual, passou para 0,82% em maio”, explica Kislanov.
De janeiro a maio deste ano, o índice acumula alta de 2,22% e de 4,66% no acumulado de 12 meses.
A inflação oficial perdeu ritmo em comparação com o mês anterior (0,57%) e com maio de 2018 (0,40%).
Domeneghetti diz ainda que o acumulado da inflação já está próximo da meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que para este ano é de 4,25%. “A inflação está vindo abaixo da meta e deve se comportar nesse patamar até o fim do ano, Pode ter alguma sazonalidade, mas não deve mudar muito. Com a inflação e os juros controlados, os assalariados conseguem comprar, já que os salários não estão aumentando”, explica. “A inflação comportada faz com que os trabalhadores assalariados não percam em ganho real”, conclui.