Preso pela polícia espanhola com 39 kg de cocaína num avião da comitiva de Jair Bolsonaro, o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues fez ao menos 29 viagens no Brasil e no exterior desde 2011, várias delas com o staff presidencial.
No entanto, nem sempre o deslocamento se deu para acompanhar agenda do mandatário do país. O nome do militar foi divulgado nesta quarta pela imprensa da Espanha e confirmado pela Folha.
Rodrigues recebe salário bruto de R$ 7.298, segundo o Portal da Transparência, que lista o histórico das viagens.
Em nota a assessoria da Presidência afirmou que “o militar não trabalha na Presidência da República e não estaria na comitiva presidencial”. “Ele pertence ao Grupo de Transportes Especiais da Força Aérea Brasileira e exerce função de comissário de bordo”, disse.
O sargento integrava a tripulação de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) de apoio à comitiva da viagem de Bolsonaro para o encontro do G-20 no Japão. Ele foi preso em Sevilha pelas autoridades espanholas.
Após a prisão do sargento, o avião de Bolsonaro mudou a rota de viagem. Ele decolaria de Brasília rumo a Sevilha para, na sequência, seguir viagem ao Japão. O presidente parou em Lisboa, a capital de Portugal, como local de escala.
Em 27 de fevereiro deste ano, o sargento preso estava entre os militares que seguiram Bolsonaro em viagem de Brasília a São Paulo para a realização de exames médicos. Entre 18 e 20 de março, houve mais uma missão de transporte do escalão avançado da Presidência.
O sargento embarcou em Brasília rumo para São Paulo, de onde seguiu para Porto Alegre. O avião fez novamente o trecho Porto Alegre-São Paulo-Porto Alegre, retornando para Brasília. Naqueles dias, Bolsonaro esteve nos Estados Unidos. Em 24 de maio deste ano, o militar fez bate-volta de Brasília a Recife, acompanhando o presidente, que passou todo o dia em Pernambuco.
Ele também cumpriu outros 14 roteiros entre 2016 e 2018, período em que o presidente era Michel Temer. Em janeiro do ano passado, por exemplo, Rodrigues estava no grupo que acompanhou o emedebista na Suíça para o Fórum Econômico Mundial.
Houve também ao menos quatro missões quando o país era governado por Dilma Rousseff. Em 6 de maio de 2016, o militar estava no séquito da petista em viagem a Juazeiro do Norte (BA) e Cabrobró (PE) para visitar as obras de transposição do São Francisco.
Em 2011, o sargento também foi designado para agendas de representantes do Itamaraty em Washington, nos Estados Unidos, e Saint John’s, em Antígua e Barbuda, no Caribe.
Em mensagem publicada em rede social nesta quarta, Bolsonaro disse considerar “inaceitável” o episódio envolvendo o sargento.
“Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem, ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!”, afirmou.
Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem, ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 26, 2019