Primeira mulher nascida no Brasil que se tornará santa, Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, será canonizada no dia 13 de outubro de 2019, em uma celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, em Roma.
A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira (1º), em coletivas de imprensa que ocorreram em Roma, no Vaticano, e no Santuário Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, em Salvador.
Além de Irmã Dulce, no mesmo dia, durante o Sínodo da Amazônia, serão canonizados outros quatro santos, segundo o Vaticano. Entre eles, está o cardeal inglês John Henry Newman, um dos principais intelectuais cristãos do século 19.
O arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, e a superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, e participaram da coletiva, em Salvador. Dom Murilo detalhou que a beata levará o nome santo de Santa Dulce dos Pobres e seu dia será celebrado sempre no dia 13 de agosto.
“No dia seguinte à canonização, no dia 14 de outubro, haverá uma missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses [Roma], igreja do século XVII. Será a missa da Santíssima trindade agradecendo o dom de Irmã Dulce. E aqui em Salvador, a celebração será na Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro”, revelou o arcebispo.
O Vaticano anunciou a canonização de Irmã Dulce em maio deste ano, quando um segundo milagre atribuído à religiosa, também conhecida como “O Anjo bom da Bahia”, foi reconhecido por meio de decreto.
A canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa) e do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte).
Milagres – Três graças alcançadas por devotos, após orações a Irmã Dulce, estavam sendo analisadas pelo Vaticano, com vista no processo de canonização da religiosa. Esses três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição.
O primeiro milagre foi reconhecido em outubro de 2010, quando Irmã Dulce foi beatificada. De acordo com representantes das Obras Sociais de Irmã Dulce (Osid), o milagre é relativo a uma mulher que chegou a ser desenganada pelos médicos após sofrer uma hemorragia pós-parto, em 2001, no interior da Bahia.
O médico Sandro Barral, um dos investigadores e peritos que confirmaram o milagre, considerou o feito preternatural (quando a ciência não explica). A agraciada e a criança permanecem com a identidade sob sigilo, por recomendação do Vaticano.
Depois disso, iniciou-se o processo para buscar a canonização, quando a pessoa passa a ser considerada santa pela Igreja Católica.
O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.
A pessoa agraciada pelo segundo milagre de Irmã Dulce reconhecido pelo Vaticano é um homem, que morava na Bahia, e foi curado após passar 14 anos cego. Ele participou da coletiva nesta segunda.
O milagre teria ocorrido após o homem pedir a Irmã Dulce para interceder por ele, por conta de uma conjuntivite, pouco antes de dormir. Quando acordou, no dia seguinte, o homem havia melhorado da doença e voltado a enxergar, segundo a Arquidiocese de Salvador.
O milagre intriga médicos, pois, mesmo após voltar a enxergar, os exames do homem apontam lesões que deveriam impedir que ele tivesse o sentido.
Além desses dois milagres reconhecidos, mais de 10 mil outros relatos feitos por fiéis do mundo inteiro são armazenados pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. Há depoimentos de cura de câncer, superação de vício em drogas, conquista de emprego, solução de dívidas e problemas familiares, sobrevivência a acidentes graves.