A investigadores da Operação Spoofing, Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, preso na terça-feira (23), por suspeita de hackear centenas de autoridades, afirmou ter dado ao jornalista Glenn Greenwald acesso a informações capturadas do aplicativo Telegram, diz o jornal O Estado de S. Paulo. A defesa do jornalista, fundador do site The Intercept Brasil, disse, em nota, que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”.
A PolÃcia Federal tem indÃcios de que os quatro suspeitos presos são os mesmos que acessaram conversas trocadas pelo Telegram de altas autoridades dos Três Poderes, entre elas o ministro da Justiça, Sérgio Moro; procuradores da Lava Jato; o ministro da Economia, Paulo Guedes; e a lÃder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). As provas foram encontradas em perÃcias, buscas e apreensões e baseadas em depoimentos dos presos realizados ma terça.
O The Intercept Brasil tem divulgado desde 9 de junho mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato, relativas ao perÃodo em que ele era juiz do caso em Curitiba. O site sustenta que recebeu o conteúdo de fonte anônima. A informação de que Walter “Vermelho” relatou ter contato com Greenwald foi confirmada ao jornal O Estado de São Paulo por duas altas fontes da operação. Segundo elas, o hacker disse conhecer o jornalista. A reportagem não conseguiu confirmar se presencialmente ou se eles teriam tido apenas contato virtual.
Os investigadores tratam o relato com cautela, uma vez que o hacker é apontado como estelionatário – razão pela qual tudo o que ele informar será investigado, especialmente a partir da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do grupo, autorizada pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de BrasÃlia.
Essas informações poderão revelar com quem os suspeitos conversaram nos últimos meses e a origem do dinheiro atribuÃdo a dois deles – o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira movimentou R$ 627 mil em dois perÃodos no ano passado e neste ano. Uma das linhas de investigação apura se eles venderam os dados e com qual motivação.
O casal e, ainda, Danilo Cristiano Marques, também foram presos. Todos os suspeitos são do interior de São Paulo. Do grupo, além de Walter “Vermelho”, Gustavo Santos confirmou que teve acesso à s mensagens interceptadas de autoridades e outras pessoas a partir do computador de “Vermelho”.
O defensor de Gustavo Santos, Ariovaldo Moreira, disse que ele afirmou em depoimento que, ao tomar conhecimento das mensagens, alertou o colega de que ele poderia ter problemas. Segundo o advogado, seu cliente relatou também que “Vermelho” tinha interesse em vender os dados para o PT. Em nota, o partido criticou Moro e afirmou se tratar de “criminosa tentativa” de envolver a sigla no caso.