O café verde em grãos produzido no oeste da Bahia entrou, definitivamente, para o cobiçado Mapa das Indicações Geográficas do Brasil. Formulado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mapa foi atualizado pelo órgão nesta semana.
A jornalista Georgina Maynard do Correio informa que a inclusão do café do Oeste Baiano no mapa já havia sido anunciada em maio, quando o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu a indicação de procedência (IP), reconhecendo a região como peculiar para a produção deste tipo de café.
O registro confirma que o oeste tem características únicas, exclusivas, para a produção do café verde em grãos. Em pleno cerrado, a área delimitada abrange terrenos com mais de 700 metros de altitude, com temperaturas entre 22 e 26 graus, pluviosidade média de 1.600 milometros por ano, portanto, condições climáticas diferenciadas do restante do país.
As áreas ficam nos municípios de Baianópolis, Barreiras, Catolândia, Cocos, Correntina, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luis Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia e São Desidério.
De acordo com os produtores, o café em grãos produzido nesta região possui características autênticas, entre elas, sabor agradável, aroma levemente floral e frutado, doçura e boa acidez.
A indicação geográfica era uma antiga reivindicação dos cafeicultores do Oeste. O plantio na região começou ainda na década de 1960, no sistema de sequeiro, e ganhou força com a implantação das lavouras irrigadas em 1994. Atualmente a região produz cerca de 20% do café do estado.
O registro de indicação geográfica garante aos produtores o direito de uso exclusivo do nome da região, fator que valoriza o produto no momento da comercialização.
“A certificação é muito importante e serve de grande impulso para a cafeicultura. Também é um incentivo para alguns cafeicultores que chegaram a pensar até em trocar o cafezal pela soja, pelo milho ou pelo algodão, mas agora definitivamente podem tomar a decisão de continuar com o café. Acreditamos que este processo começará a apresentar um resultado concreto quando houver uma divulgação conjunta que beneficie todos os cafeicultores da região. Por isso calculamos que os resultados efetivos ocorrerão de fato dentro de cinco a seis anos”, afirma João Carlos Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtres de Café da Bahia (Assocafé).
Mais três – A lista nacional tem outros três produtos da Bahia. As uvas de mesa e mangas do Vale do São Francisco, na região de Juazeiro e Petrolina, foram as primeiras a entrar no mapa em 2009.
Cinco anos depois, em 2014, a aguardente de cana, tipo cachaça, produzido em Abaíra, na Chapada Diamantina, teve a indicação geográfica reconhecida. No ano passado foi a vez das amêndoas de cacau do Sul da Bahia serem incluídas no rol.
Para conceder o registro, os especialistas analisam desde a forma de fabricação, até as características e qualidades básicas como o sabor, a cor e a textura dos produtos obtidos nestas regiões. O cenário geográfico pode influenciar, por exemplo, no tempo de maturação dos frutos em relação ao registrado em outras partes do país.
No Brasil, 62 produtos possuem a certificação. Entre eles estão os queijos da Serra da Canastra em Minas Gerais, o arroz do litoral norte gaúcho, e a cajuína do Piauí.
No mundo, um dos produtos mais conhecidos pela indicação geográfica são os espumantes produzidos na região de Champagne, na França. Depois que obtiveram o título, apenas os produtores daquela região podem continuar usando o nome ‘Champagne’ nos rótulos da bebidas.
No Brasil, outros produtos baianos estão em análise ou em fase de planejamento para início do processo, entre eles o azeite da Costa do Dendê e a farinha de copioba, fabricada em alguns municípios do Recôncavo Baiano.
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