Como instrumento de pressão ao encontro do G7, o presidente francês E
A iniciativa francesa recebeu o apoio de países de menor peso político, como a Irlanda e a Finlândia, mas foi acolhida com reservas pela Alemanha, de Angela Merkel e o Reino Unido, de Boris Johnson.
Berlim criticou a atitude do governo brasileiro em relação à Amazônia e ao meio ambiente, mas afirmou que impedir o acordo UE-Mercosul “não é a resposta apropriada ao que se passa atualmente no Brasil”, segundo um porta-voz.
Com uma queda de 0,1% da economia no segundo trimestre, e dependentes de suas exportações, os alemães defendem o acordo como “um sinal forte a favor de um comércio fundado sobre regras e contra o protecionismo”, com “normas ambientais e sociais elevadas”, e consideram que um eventual fracasso “não contribuiria a reduzir o desmatamento da floresta tropical no Brasil”.
Ao chegar em Biarritz, o premier britânico Boris Johnson adotou um tom similar, alfinetando o líder francês: “Há todo tipo de pessoas que utilizará qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar os acordos comerciais, e não quero ver isso”, afirmou.
O governo espanhol também aderiu ao grupo dos contrários ao rejeitar a obstrução do acordo UE-Mercosul. “Consideramos que é justamente aplicando as cláusulas ambientais do acordo que se poderá mais avançar, e não propondo um bloqueio de sua ratificação que isolaria os países do Mercosul”, disse Madri por meio de um comunicado.
Extremamente educado – O presidente Jair Bolsonaro declarou no sábado (24) que a situação na Amazônia “está indo para a normalidade”, defendeu as ações do governo e disse que aceitaria conversar com o líder francês, mas somente se a iniciativa partisse de Paris.
“Depois de tudo que ele falou a meu respeito, você acha que eu vou ligar para ele? Não tem condições. Eu estou sendo educado. Se ele ligar, eu atendo. Estou sendo extremamente educado com ele, para ele me chamar de mentiroso”, disse Bolsonaro.
O jornal O Globo observa que, no tabuleiro político francês, Macron, com sua estratégia, faz um gesto à oposição de agricultores do país que temem a concorrência que será aberta com o pacto UE-Mercosul. E também contempla um crescente eleitorado adepto à pauta ambiental, e que é igualmente contra o acordo.
A publicação diz que, se o presidente francês vencerá sua aposta pela adoção de medidas concretas no G7, só se saberá na segunda-feira (26), ao final do encontro. Na dúvida, abriu uma porta de saída, resumindo, de uma certa forma, o espírito da cúpula:
“Nós não alcançaremos êxito, sem dúvida, em tudo, e não me queiram mal se, por vezes, não conseguirmos. A França deve fazer o máximo, mas nós não podemos com tudo sozinhos”, reconheceu.