O primeiro caso na Bahia de transplante de medula óssea em crianças e jovens na faixa etária de 0 a 14 anos pela rede pública será realizado pelo Hospital Martagão Gesteira. A previsão é que o procedimento ocorra ainda este ano, após a finalização da implantação do novo serviço no hospital filantrópico. As etapas iniciais já foram cumpridas. A habilitação do Ministério da Saúde, a Portaria Nº 1.100 que autoriza o transplante, foi publicada nesta segunda-feira (23), no Diário Oficial da União.
No estado, já é realizado, por outras unidades de saúde, o implante de medula óssea, mas somente em casos a partir dos 14 anos. Abaixo dessa idade, os pacientes têm que se deslocar para outros estados para viabilizar o tratamento. No caso do Martagão, unidade de saúde referência em atendimentos pediátricos na Bahia, o serviço abrangerá a faixa etária de 0 a 18 anos.
“Nosso grande desafio, neste momento, é oferecer para as crianças da Bahia uma alternativa terapêutica que elas nunca tiveram acesso, que é o transplante de medula óssea. Com este novo procedimento, poderemos ampliar ainda mais o raio de atuação do nosso setor de oncologia, o que significa que nossas crianças terão ainda mais possibilidades de cura”, destaca Carlos Emanuel Melo, diretor-presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, entidade mantenedora do Martagão Gesteira.
“Esse é mais um marco na história do Martagão, que tem como missão acolher com excelência as crianças de nosso estado. Agora, não será preciso se deslocar para outras regiões em busca de um tratamento que pode significar a cura”, afirma a diretora-médica do Martagão, Milena Pessoa.
A diretora-médica do Martagão explica que o serviço de transplante de medula óssea está em processo de implantação. “Nós fizemos o planejamento, levamos a documentação para a Central Estadual de Transplante. Eles avaliaram, aprovaram e encaminharam para o Ministério da Saúde, que já fez a visita de credenciamento e informou que estava tudo bem. A publicação da habilitação ratifica este processo”, conta Milena.
Para a implantação do Setor de Transplante de Medula Óssea, a instituição contou, ainda, com a ajuda de inúmeros apoiadores como a cantora Ivete Sangalo, as Voluntárias Sociais da Bahia e do recente McDia Feliz 2019, realizado no final de agosto deste ano, entre outros. Os R$ 300 mil arrecadados com a venda de Big Macs nos restaurantes da rede McDonald’s em Salvador, Região Metropolitana e Feira de Santana serão aplicados na compra de insumos essenciais neste tipo de atendimento. A estrutura física já está pronta e o hospital tem capacidade para realização de pelo menos dois transplantes por mês.
O Martagão vai poder fazer, inicialmente, um dos três tipos de transplante de medula óssea: o autólogo, quando células da medula óssea do próprio paciente são injetadas para fazer com que ela se regenere. “Temos uma lista de aproximadamente 14 pacientes. É prematuro definir quem será o primeiro paciente porque dependerá de critérios técnicos”, explica o diretor-presidente Carlos Emanuel Melo.
A Portaria Nº 1.100 autorizou, ainda, que o Martagão Gesteira faça o transplante de rim. “O transplante de rim já é realizado na Bahia e o Martagão entra neste contexto como um potencializador dessa terapêutica”, acrescenta Melo.
A Liga Álvaro Bahia é mantenedora do Hospital Martagão Gesteira. Além dele, estão sob a sua tutela o Hospital Estadual da Criança, em Feira de Santana, o Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Crea-Tea) e a Clínica Sokids, cuja renda é revertida para o Martagão que realiza, por ano, 500 mil atendimentos e 80 mil pacientes.
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