O acervo histórico da Igreja na Bahia possui, entre suas relíquias, um documento especial: a certidão de batismo da Irmã Dulce, a primeira brasileira a ser santificada. Maria Rita Lopes Pontes, nome verdadeiro da Irmã Dulce, foi batizada na Igreja Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, no dia 13 de dezembro de 1914. Esta certidão se soma aos cerca de 16 mil documentos de posse da Cúria Metropolitana de Salvador, que contam 400 anos da história religiosa, cultural e social da Bahia e do país e hoje estão aos cuidados da Universidade Católica do Salvador (Ucsal).
Este acervo, segundo o coordenador do curso de História da universidade, Álvaro Dantas Júnior, é um dos mais ricos da América Latina e retrata não só os aspectos religiosos do Brasil Colônia, do Brasil Império, entrando pelo período republicano, mas toda vida social, política e do cotidiano da população brasileira. “Termos a certidão de Batismo de uma santa em nossos arquivos é magnifico e revela a grandiosidade deste acervo”, disse ele.
Até a proclamação da República, o catolicismo era a religião oficial do país, por isso reunia um conjunto documental único, como despachos, ordenações, ofícios, certidões de registro de nascimento, batismo, casamento e óbito. Os cartórios surgiram apenas no final do século XIX. A riqueza do acervo, segundo o professor Álvaro, é reconhecido nacionalmente. E será alvo de submissão do Projeto Memória do Mundo, da Unesco. “Estamos aguardando a abertura da inscrição e confiantes que nosso acervo seja integrado ao projeto”, disse ele.
Os documentos estão abrigados no Laboratório Eugênio Veiga (LEV), da Ucsal, aberto para estudantes e pesquisadores. Uma equipe de restauradores, historiadores e arquivistas trabalha na identificação, organização e recuperação do conjunto documental.
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