A petroleira grega Delta Tankers, proprietária do navio-tanque Bouboulina – apontado pela Polícia Federal como principal suspeito de ter derramado o óleo que desde o fim de agosto vem atingindo o litoral do Nordeste –, disse que “não há provas” de que a embarcação seja responsável pelo incidente.
As manchas de petróleo em praias da região atingiram pelo menos 286 localidades em 97 municípios de 9 estados. A substância é a mesma em todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a vida de animais marinhos e causado impactos nas cidades litorâneas.
Em nota divulgada neste sábado (2), a Delta afirmou que fez uma “pesquisa completa do material nas câmeras e sensores que todos os seus navios carregam como parte de suas políticas de segurança e ambientais” (leia, abaixo, a íntegra).
No comunicado, a Delta Tankers destaca 3 pontos: ‘não há provas’ de que o navio Bouboulina derramou óleo; a empresa não foi procurada por autoridades brasileiras; a embarcação, que saiu da Venezuela em 19 de julho, chegou ao destino final, na Malásia, e ‘descarregou toda a carga sem qualquer falta’.
“Não há provas de que o navio tenha parado, realizado qualquer tipo de operação STS [transferência de um navio para o outro], vazado, desacelerado ou desviado da rota, em seu caminho da Venezuela para Melaka, na Malásia”, diz o texto da Delta.
Em outro trecho do comunicado, a petroleira declarou não ter sido procurada por autoridades brasileiras, reafirmando o que já havia dito nesta sexta-feira (dia 1º). Disse também que a carga foi descarregada na Malásia “sem qualquer falta”.
“Este material [da investigação interna] será compartilhado de bom grado com autoridades brasileiras, caso entrem em contato com a empresa com relação a esta investigação. Até agora, esse contato não foi feito. Como relatado ontem, dia 1º de novembro, no comunicado inicial da Delta Tankers, o navio partiu da Venezuela em 19 de julho de 2019, indo diretamente, sem paradas em outros portos, para Melaka, na Malásia, onde descarregou toda a carga sem qualquer falta.”
A Delta foi fundada em 2006, mesmo ano de fabricação do Bouboulina. De acordo com os investigadores, 2,5 mil toneladas de óleo foram derramadas no oceano.
O petroleiro é do tipo Suezmax, e sua capacidade máxima é 1,1 milhão de barris. Considerando o valor atual de mercado do petróleo, o carregamento vale cerca de US$ 66 milhões. As 2,5 mil toneladas que vazaram na costa brasileira equivalem a quase três milhões de litros. Isso representa 1,8% da carga transportada pelo navio.