O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ordenou na noite deste sábado (2) que o corpo diplomático da Venezuela deixe o país em 48 horas, após decidir não reconhecer o governo de Nicolás Maduro e apoiar o chefe do parlamento, Juan Guaidó.
“O governo de El Salvador expulsa o corpo diplomático do regime de Nicolás Maduro, sendo coerente com as reiteradas declarações do presidente Nayib Bukele, nas quais não reconhece a legitimidade do governo de Maduro”, afirmou a Presidência da República em comunicado.
Desta forma, “concede 48 horas” a todo o corpo diplomático “do regime de Maduro para deixar o território nacional”, acrescentou o comunicado, postado por Bukele em sua conta no Twitter.
Desde antes de assumir o governo em junho, Bukele havia dito que manteria um relacionamento “distante” com o governo Maduro e um relacionamento muito próximo com os Estados Unidos, que exige a saída de Maduro do poder.
O embaixador americano em San Salvador, Ronald Johnson, aprovou a decisão do governo salvadorenho.
“Aplaudimos o governo do presidente Nayib Bukele por garantir que El Salvador esteja do lado certo da história, reconhecendo Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela”, disse em sua conta no Twitter.
O governo de Bukele lembrou que apoiou as resoluções adotadas no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando as graves violações dos direitos humanos na Venezuela.
“O governo do presidente Nayib Bukele reconhece a legitimidade do presidente encarregado, Juan Guaidó, enquanto se organizam eleições livres”, apontou o comunicado presidencial. Guaidó é reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países.
“El Salvador sempre será a favor da democracia e da defesa dos direitos humanos; portanto, apoiará o voto livre, supervisionado pela comunidade internacional e que garantirá a vontade do povo irmão da Venezuela”, acrescentou.
Um relatório da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet, apontou em julho que o governo venezuelano reportou 5.287 mortes devido à “resistência à autoridade” em 2018 e outras 1.569 entre 1º de janeiro e 19 de maio de 2019. Muitos desses casos, segundo Bachelet, podem constituir execuções extrajudiciais.
Desde que Bukele chegou ao poder, as relações entre El Salvador e Washington melhoraram após a assinatura de um acordo de asilo, como aconteceu com a Guatemala e Honduras.
Na semana passada, Washington também anunciou uma extensão para que os cerca de 250.000 salvadorenhos sob o Estatuto de Proteção Temporária (TPS) possam residir e trabalhar legalmente no país.
O presidente salvadorenho também tem mantido distância com a Nicarágua, aliada da Venezuela e cujo governo concedeu asilo e, mais recentemente, a nacionalidade ao ex-presidente Mauricio Funes, que governou entre 2009 e 2014, perseguido pela justiça salvadorenha por atos de corrupção.