28 de novembro de 2024
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Com gavetas já vazias, Mandetta avisa que fica no cargo

Com gavetas já vazias, Mandetta avisa que fica no cargo

foi com as gavetas já vazias que o ministro Luiz Henrique Mandetta disse na noite desta segunda-feira (06) que continua no cargo. A declaração foi dada após o presidente Jair Bolsonaro cogitar substituí-lo. Mandetta entrou em choque com o presidente Jair Bolsonaro, em razão de orientações divergentes no enfrentamento ao novo coronavírus, que já matou 553 pessoas no país.

Ontem, a tensão entre Mandetta e Bolsonaro chegou ao ápice, quando auxiliares do presidente informaram reservadamente a veículos de imprensa que o ministro seria demitido. Numa das reportagens, a informação é que o desligamento aconteceria ainda ontem, enquanto outras afirmavam que ainda não havia uma data determinada para a mudança de comando. O presidente se reuniu no almoço com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), apontado como possível substituto de Mandetta.

Em uma declaração no Ministério da Saúde, contrariando a determinação do governo de que as entrevistas deveriam ser realizadas no Palácio do Planalto, o ministro avisou que continua a fazer o seu trabalho com base na ciência. Reafirmou que a cloroquina só será autorizada pela equipe dele quando houver comprovação da eficácia do medicamento e pediu paz para trabalhar. Sem citar nomes, afirmou que tem tido sempre que enfrentar solavancos.

“Hoje (ontem) foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho. Ficaram com a cabeça avoada se eu iria permanecer, se eu iria sair. Gente aqui dentro limpando gavetas. Até as minhas gavetas. Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome, Covid-19”, disse Mandetta.

O ministro destacou, ao lado de cinco secretários, que continua na pasta e afirmou que o trabalho de sua equipe começou nesta semana com “mais um solavanco”, sem citar diretamente a instabilidade no cargo. “Esperamos que a gente possa ter paz pra poder conduzir”, destacou. O ministro contou que nos últimos dias rejeitou pedidos da imprensa para tentar acalmar a situação.

Críticas – Mandetta também reclamou de críticas que não são construtivas. “Gostamos da crítica construtiva, o que temos muita dificuldade é quando em determinadas situações, por determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas que vêm para trazer dificuldade no ambiente de trabalho. Isso, não preciso traduzir, vocês sabem, tem sido uma constante”, disse o ministro.

Mandetta afirmou ainda que o trabalho da pasta é técnico, e que ele é apenas o porta-voz disso. Ele assinalou que a pasta procurou dar voz à ciência e aos especialistas.

Ao falar que a pasta continua empenhada em apoiar pesquisas em busca de remédios, inclusive sobre cloroquina, Mandetta destacou, porém, que é preciso se basear em ciência e pediu que se esqueçam de “barulhos” relacionados ao assunto. “Ciência, ciência. Não vamos perder o foco: ciências, disciplina, planejamento, foco. Não perca. Esses barulhos que vêm ao lado, esquece”, pediu.

Ele reclamou do clima de incerteza que vem enfrentando, onde “não sabe ao certo como vai ser o próximo dia, a próxima semana”, mas garantiu em relação ao futuro que a saída dele, quando ocorrer, será junto com a equipe que montou em um ano e quatro meses de trabalho.

“Vocês do Ministério da Saúde que saíram dos seus setores e ficaram aqui me esperando para fazer choro, cantos, bater panela, vocês vão todos trabalhar, que é o que vocês deveriam estar fazendo enquanto eu estava lá [no Planalto]. Não é para parar enquanto eu não falar para parar”, disse. “Aqui nós entramos juntos, nós estamos juntos e quando eu deixar o ministério, nós vamos colaborar muito para qualquer equipe que aqui venha, mas nós vamos sair juntos”, complementou.

O ministro agradeceu a alguns músicos que fizeram shows por meio de lives no fim de semana, segundo ele, por ajudarem a evitar as aglomerações.

Ele não respondeu questionamentos da imprensa, mas garantiu que vai trabalhar enquanto Bolsonaro permitir. “Nós também daremos o nosso sacrifício, nosso quinhão a mais de colaboração até quando formos importantes, nominados, fizermos alguma diferença, ou até quando o presidente entender que outra equipe, para outro lado, que não queira esse tipo de trabalho, que fale ‘o caminho não é por aqui, é por ali’, que encontre as pessoas certas, substitua”, avisou.

Durante o pronunciamento, Luiz Henrique Mandetta repetiu frases como “lavoro, lavoro (trabalho, em italiano)”, que usou como resposta às críticas de Bolsonaro na semana passada. Ele também voltou a dizer que permanecerá no cargo porque “um médico não abandona o paciente”.




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