A pandemia de Covid-19 está fazendo com que cientistas do mundo inteiro voltem a atenção para a família dos coronavírus, da qual faz parte o Sars-CoV-2. A origem exata do vírus que já atinge milhões de pessoas no planeta ainda está sendo investigada, mas a principal hipótese é que ele tenha surgido em morcegos na China.
Já de olho na relação entre esses mamíferos e os vírus dessa família, cientistas do Programa Global de Saúde do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, conduziram uma pesquisa entre 2016 e 2018 no Mianmar, onde humanos costumam ter contato próximo com esses animais.
Nesse período, os especialistas norte-americanos se uniram a pesquisadores do país asiático e coletaram mais de 750 amostras de saliva e fezes de morcegos. Os resultados — publicados no último dia 9 de abril no periódico científico Plos One — revelaram seis tipos de coronavírus nunca antes identificados. Os cientistas estimam que centenas de coronavírus, muitos ainda a serem descobertos, existam nesses mamíferos voadores.
De acordo com os autores, os microrganismos recém-descobertos não são semelhantes aos vírus causadores da Covid-19 e outras doenças respiratórias, como a Sars-CoV-1 e a Mers. Mas esses achados podem ajudar a prevenir futuros casos de transmissão de coronavírus entre animais e humanos.
“Muitos coronavírus podem não representar um risco para as pessoas, mas quando identificamos essas doenças precocemente nos animais, temos melhores oportunidades de investigar potenciais ameaças”, disse a coautora do estudo, Suzan Murray, em nota. “Vigilância, pesquisa e educação são as melhores ferramentas que temos para prever pandemias antes de elas acontecerem”, completou.