O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou, em depoimento prestado no último sábado (2), que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demiti-lo, durante uma reunião gravada em vídeo, caso o ex-ministro da Justiça não concordasse com uma nova substituição do superintendente da Polícia Federal no Rio. Segundo o jornal O Globo, Moro disse que essa reunião ocorreu em 22 de abril, com o conselho de ministros do governo federal.
O encontro teria sido gravado em vídeo pela própria Presidência da República e poderia comprovar as acusações do ex-ministro de que Bolsonaro tentou realizar interferências na PF. Dois dias depois dessa reunião, Sergio Moro pediu demissão.
O depoimento prestado pelo ex-ministro na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, à PF e a membros da Procuradoria-Geral da República (PGR), durou oito horas. De acordo com O Globo, Moro afirmou que Bolsonaro manifestou seu interesse em nomear uma pessoa de sua confiança na Superintendência da PF no Rio, diversas vezes, sem explicar os motivos para isso.
Durante essa mesma reunião citada pelo ex-ministro, o presidente do Brasil teria deixado claro que estava insatisfeito com a falta de acesso a informações de inteligência da PF.
Segundo a Folha de São Paulo, Moro entregou o histórico de conversas recentes com Jair Bolsonaro pelo Whatsapp – incluindo o que o presidente pressiona pela saída de Maurício Valeixo da diretoria-geral da Polícia Federal.
O ex-ministro, de acordo com a Folha, também repassou os diálogos que teve com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente. Em uma dessas mensagens, já divulgada, ela tentava interceder para que Moro ficasse no governo, em troca de uma nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF).