O presidente Jair Bolsonaro publicou na noite desta terça-feira (16) em uma rede social uma série de dez mensagens nas quais aponta “abusos”, “violação de direitos” e “ataques concretos” ao governo e que, diante disso, tomará as “medidas legais” para, segundo afirmou, proteger a Constituição.
Bolsonaro não disse explicitamente, mas parece se referir às investigações de manifestações antidemocráticas e inconstitucionais feitas por apoiadores dele, que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pela manhã, aliados do presidente tinham sido alvos de operação da Polícia Federal no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos. Dez deputados e um senador bolsonaristas tiveram os sigilos bancários quebrados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em maio, aliados do presidente também foram alvos de uma operação no inquérito que apura disseminação de fake news e ameaças a ministros do STF. Na ocasião, Bolsonaro afirmou em entrevista que “ordens absurdas” não devem ser cumpridas, emendando: “Acabou, porra!”.
À tarde, durante sessão da Segunda Turma do tribunal, o ministro Celso de Mello afirmou, sem mencionar Bolsonaro, que é “inconcebível” a presença de um “resíduo de forte autoritarismo” no Estado brasileiro.
Na noite desta terça, o presidente publicou na internet: “O que adversários apontam como ‘autoritarismo’ do governo e de seus apoiadores não passam de posicionamentos alinhados aos valores do nosso povo, que é, em sua grande maioria, conservador. A tentativa de excluir esse pensamento do debate público é que, de fato, é autoritária.”
Na sequência, Bolsonaro afirmou que “abusos presenciados por todos” nas últimas semanas foram recebidos pelo governo “com a mesma cautela de sempre”, que cobrou, segundo ele, “respeito e a harmonia entre os poderes”.
“Queremos, acima de tudo, preservar a nossa democracia. E fingir naturalidade diante de tudo que está acontecendo só contribuiria para a sua completa destruição. Nada é mais autoritário do que atentar contra a liberdade de seu próprio povo”, acrescentou.
“Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas. Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros”, escreveu o presidente.