O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, voltou a declarar que as Forças Armadas estão “isentas da política” e não participam de nenhum movimento que leve a uma escalada autoritária no Brasil. Em Salvador para acompanhar uma ação de desinfecção contra a Covid-19 feita pelo Comando Conjunto Bahia no 2º Distrito Naval, feita no Hemoba, o general disse que as Forças são fiéis ao “regramento jurídico e democrático”.
“As Forças Armadas, desde o regramento atual, que é a Constituição de 1988, são fiéis ao regramento jurídico e democrático. Foram 3 décadas em que as Forças Armadas tiveram um papel fiel ao ordenamento democrático existente. Nós não vamos nos afastar dele”, assegurou o ministro em entrevista coletiva.
A fala do ministro ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro escrever nas redes sociais que a operação da Polícia Federal contra 10 deputados e um senador bolsonaristas, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito das Fake News, foi um “abuso” e dizer que “está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”, sem mencionar no enquanto, a que se referia.
O general evitou comentar o inquérito das Fake News e reiterou que as Forças Armadas estão “afastadas da política”. “Estamos voltados para o dia a dia, para a operação do Covid-19, para a Operação Acolhida na Venezuela, a Operação Pipa, distribuindo água no Nordeste inteiro, na Operação Verde Brasil, para combater o desmatamento na Amazônia”, declarou.
“Não nos afastamos, não entramos em quarentena com nossas missões do dia a dia, seja mobiliar a faixa de fronteira, uma operação presença no território nacional como um todo, tomando conta do nosso espaço aéreo, do nosso Atlântico-Sul. Então as Forças Armadas estão afastadas da política”, completou.
Questionado sobre o fato de ter sobrevoado uma manifestação contra o STF com o presidente Jair Bolsonaro, ele disse que, na verdade estava fazendo o “reconhecimento aéreo em Brasília”. O fato suscitou em setores do Legislativo e Judiciário dúvidas sobre o endosso das Forças Armadas a protestos contra a democracia, já que o Ministério da Defesa faz a direção superior das Forças.
Ele disse também que o caso é diferente do ocorrido nos Estados Unidos, onde o chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas, a maior autoridade militar do país, pediu desculpas por ter participado de uma caminhada a uma igreja com o presidente Donald Trump. Para que isso acontecesse, Trump mandou dispersar um protesto antirracista contra a morte de George Floyd.
“São comparações diferentes. O Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas Americanas é um oficial-general da ativa. Eu tenho um chefe de Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, brigadeiro Botelho, que não participou de nada, então não tem que pedir desculpa de nada. Sou representante político das Forças Armadas porque integro o Ministério do Presidente da República – e só. As Forças Armadas estão isentas da política”, afirmou.
Indagado sobre se haveria clima de animosidade das Forças Armadas contra o Judiciário, Silva negou. “Não tem clima A, não tem clima B, o clima é um só. É cumprir a missão destinada a ela. Simplesmente isso.”