25 de novembro de 2024
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Brasil tem terceiro mês seguido de saldo positivo nas contas externas

Brasil tem terceiro mês seguido de saldo positivo nas contas externas

As contas externas registraram saldo positivo pelo terceiro mês consecutivo, informou nesta quarta-feira (24) o Banco Central (BC). Em maio, o superávit em transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, chegou a US$ 1,326 bilhão. Esse é o maior resultado para o mês, desde maio de 2017, quando houve superávit em transações correntes de US$ 2,471 bilhões. Em maio de 2019, houve déficit de US$ 1,385 bilhão.

Segundo o BC, contribuíram para esse resultado de maio, comparado ao igual mês do ano passado, “as reduções no déficit em renda primária [lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários], US$ 2,1 bilhões, e em serviços [viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos, entre outros], US$ 1,5 bilhão, em oposição à redução de US$ 812 milhões do superávit comercial”.

O déficit em transações correntes de janeiro a maio de 2020 somou US$ 11,334 bilhões, recuo de 38,2% em relação aos US$ 18,339 bilhões registrados nos cinco primeiros meses de 2019.

O déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em maio de 2020 somou US$ 42,4 bilhões (2,54% do Produto Interno Bruto – PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), ante US$ 45,2 bilhões (2,64% do PIB), em abril de 2020.

Balança comercial – Em maio, as exportações de bens totalizaram US$ 17,996 bilhões e as importações, US$ 13,791 bilhões, resultando no superávit comercial de US$ 4,205 bilhões, contra US$ 5,017 bilhões em igual mês do ano passado. De janeiro a maio, o superávit comercial chegou a US$ 13,054 bilhões, ante US$ 17,698 bilhões do mesmo período de 2019.

Serviços – O déficit na conta de serviços atingiu US$ 1,717 bilhão em maio, ante US$ 3,264 bilhões em igual período de 2019. Nos cinco meses do ano, o saldo negativo chegou a US$ 9,787 bilhões, resultado menor que o registrado de janeiro a maio de 2019, de US$ 14,103 bilhões.

“Houve redução de 91,8% nas despesas líquidas [receitas de estrangeiros no Brasil menos gastos de brasileiros no exterior] de viagens, que totalizaram US$ 87 milhões em maio de 2020 (US$ 1,1 bilhão em maio de 2019). Na comparação interanual houve recuo de 72,9% e de 86,4% nas receitas e despesas de viagens, respectivamente. Destacaram-se também as despesas líquidas de aluguel de equipamentos, redução de US$ 302 milhões, para US$ 1,1 bilhão, e as despesas líquidas de transporte, com recuo de US$ 280 milhões, para US$ 256 milhões”, diz o BC.

Em junho, até o último dia 19, a conta de viagens gerou receitas de US$ 117 milhões e despesas de US$ 218 milhões, com déficit de US$ 101 milhões. A conta de viagens internacionais tem sido afetada pelas restrições de entrada e saída dos países e pelas medidas de isolamento social, necessárias para o enfrentamento da pandemia de covid-19.

Rendas – Em maio de 2020, o déficit em renda primária chegou a US$ 1,303 bilhão, contra US$ 3,434 bilhões em igual período de 2019. De janeiro a maio, o saldo negativo ficou em US$ 15,174 bilhões, ante US$ 22,544 bilhões em igual período do ano passado.

A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 142 milhões, contra US$ 295 milhões em maio de 2019. Nos cinco meses do ano, o resultado positivo chegou a US$ 574 milhões, ante US$ 295 milhões em igual período de 2019.

Investimentos – Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 2,552 bilhões no mês passado, ante US$ 8,264 bilhões em maio de 2019. Esse resultado ficou acima do projetado pelo BC para o mês: US$ 1,5 bilhão.

De janeiro a maio, o IDP chegou a US$ 20,595 bilhões, ante US$ 31,659 bilhões nos cinco meses de 2019. Nos 12 meses encerrados em maio de 2020, o IDP totalizou US$ 67,5 bilhões, correspondendo a 4,04% do PIB, em comparação a US$ 73,2 bilhões (4,27% do PIB) no mês anterior.

Os dados do BC mostram ainda saída líquida (descontada a entrada) de investimento em carteira no mercado doméstico de US$ 2,184 bilhões, contra US$ 285 milhões de saída líquida em igual período de 2019. No caso das ações e fundos de investimento, a saída totalizou US$ 1,639 bilhão. A saída líquida de títulos ficou em US$ 545 milhões.

De janeiro a maio deste ano, houve saídas líquidas de US$ 33,632 bilhões nesses tipos de investimento, contra a entrada líquida (entrada maior que a saída) de US$ 9,677 bilhões observados em igual período de 2019.

Neste mês, até o dia 19, houve entrada líquida US$ 1,234 bilhão de investimentos em carteira, sendo US$ 823 milhões, em ações e US$ 411 milhões, em títulos.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, não é possível afirmar se o resultado de junho indica uma mudança de tendência. Ele acrescentou que a situação da economia brasileira e mundial ainda é muito incerta. “Não temos condição de afirmar isso. Os fluxos de portfólio são muito voláteis”, disse.

Em 12 meses até maio, houve saída líquida de investimentos em carteira de US$ 50,9 bilhões, o maior valor da série histórica iniciada em 1995. Inicialmente essa saída foi influenciada pelas reduções na taxa básica de juros, a Selic, que torna o investimento estrangeiro em carteira menos atrativo.

Segundo Rocha, com a situação de incerteza gerada pela pandemia de covid-19 muitos investidores preferiram retirar investimentos. “Os investidores buscam se antecipar e se manter mais líquidos em suas moedas de origem principalmente em dólar”, disse. Ele destacou que, desse total, a maior saída ocorreu em março, no valor de US$ 22 bilhões.

Previsões – Para o mês de junho, a expectativa do BC é que o país continue a registrar saldo positivo nas contas externas. A estimativa para o resultado em transações correntes é de superávit de US$ 2 bilhões, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 3,5 bilhões. Neste mês até o dia 19, o ingresso de IDP chegou a US$ 2,271 bilhões.




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