O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, tomou posse nesta quinta-feira (16) em uma cerimônia fechada para a imprensa no Palácio do Planalto. Em seu discurso, Ribeiro afirmou que vai conduzir sua gestão com base nos princípios constitucionais e respeitando a laicidade do Estado. O ministro disse também que nunca defendeu a violência nas escolas, justificando uma afirmação anterior na qual mencionou que crianças devem ser educadas com “dor”.
Em um vídeo que circulava pelas redes sociais, Ribeiro também dizia que a “correção” não será obtida por “métodos suaves”, com a exceção de algumas crianças “superdotadas” que entenderiam o argumento dos pais.
Em sua fala, Ribeiro agradeceu ainda à escola pública e afirmou que quer abrir o diálogo no MEC. Ribeiro, que é pastor da Igreja Presbiteriana, é o quarto ministro da Educação do governo do presidente Jair Bolsonaro, que participou do evento por videoconferência.
Evasão:Trabalho e desinteresse na escola tiram brasileiros das salas de aulas, diz IBGE
— Conquanto tenho a formação religiosa, meu compromisso que assumo hoje ao tomar posse está bem firmado e localizado em valores constitucionais da laicidade do estado e do ensino público. Assim, Deus me ajude.
Educação na pandemia:Escolas precisam de álcool em gel contra Covid-19, mas 10 mil das públicas não têm nem água limpa
O novo gestor chega ao MEC após uma crise na sucessão da pasta depois da saída do ex-ministro Abraham Weintraub. Ribeiro chega para substituir Carlos Alberto Decotelli, que ficou apenas cinco dias no cargo e foi demitido devido a inconsistências no currículo.
— Jamais falei de violência física na educação escolar, nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta. Entretanto, vale lembrar que devido à implementação de políticas e filosofias educacionais equivocadas no meu entendimento, que desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula, o que agora existe são episódios de violência física de alguns maus alunos contra o professor. As mesmas vozes críticas da sociedade devem se posicionar contra esses episódios com a mesma intensidade — argumentou.
IBGE:Queda de analfabetismo no Brasil se mantém lenta, e taxa se aproxima de meta atrasada desde 2015
Ao longo da fala, Ribeiro enfatizou mais de uma vez o diálogo e adotou um tom conciliador. O novo ministro disse também que não se pode “desmerecer” quem veio antes.
Relembre:Novo ministro da Educação já minimizou feminicídio e citou ‘paixão’ como motivo para assassinato de adolescente
— Queremos abrir grande diálogo para ouvir acadêmicos e educadores que, como eu, estão entristecidos com o que vem acontecendo com a educação no país. Haja visto nossos referenciais e colocações no Pisa— disse, acrescentando:
— Para não ser injusto, ao olhar o passado educacional do nosso país não se pode desmerecer que grandes educadores deram legítimas e valiosas contribuições. Não estava tudo errado, mas o que observamos como resultado de políticas implementadas é que levaram ao que vemos nos dias de hoje na escola, sobretudo com nossas crianças.
Foco – De acordo com o ministro, o presidente Jair Bolsonaro pediu foco na educação de crianças e no desenvolvimento do ensino profissionalizante. Ribeiro disse que seguirá a orientação do presidente, o que indica quais serão as prioridades do gestor à frente da pasta. O ministro também defendeu a valorização do professor como um dos pilares da educação.
Após o discurso do novo ministro, o presidente Jair Bolsonaro falou por videoconferência do Palácio da Alvorada e o agradeceu “por aceitar tamanho desafio”. Ele descreveu o ministério como “grande, complexo, com autonomias e setores”, que depende muitas vezes de conselhos para tomar decisões.
— Não é fácil a vida do ministro. E dele, em grande parte, depende o futuro da nossa nação. já disse ao Paulo Guedes que o que liberta um país, o que liberta um homem, não são programas sociais, são conhecimento [sic]. E esse conhecimento vem em grande parte do Ministério da Educação — declarou.
Leia mais: Antônio Vogel deixará secretaria executiva do MEC
O vídeo teve um corte no momento em que Bolsonaro citava o antecessor de Ribeiro, Abraham Weintraub, e foi retomando no momento em que o presidente afirmava que o ex-ministro “nos deixou há pouco tempo”. Em seguida, disse ter certeza de que a transição será tranquila.
— Você terá como, pontualmente, colocar gente ao teu lado com o mesmo espírito seu. Se bem que pode ter certeza que grande parte do ministério pensa como você. E eles agora, na tua pessoa, terão como fazer valer o seu potencial, para que venhamos então a dar o melhor do seu ministério para o Brasil, fato esse que nos libertará.